O processo sucessório já foi deflagrado e existem, no momento, quatro pré-candidatos competitivos que poderão concorrer à presidência em 2014: a própria presidente Dilma, pelo PT; Aécio Neves, pelo PSDB; Eduardo Campos, pelo PSB; e Marina Silva, pelo Rede, partido ainda em fase de coleta de assinatura para sua criação. As perspectivas de cada projeto político dependem de uma série de fatores, como bons palanques, recursos financeiros e bom tempo de rádio e TV.
O ambiente político, faltando 18 meses para a eleição, é de continuidade. E isso favorece duplamente a presidente Dilma na busca da reeleição. Primeiro, porque disputa no exercício do mandato e conta com o apoio integral e engajado de seu partido. Segundo, porque na sua lista de serviços prestados acham-se muitas medidas populares, o que a ajudou a estar muito bem avaliada.
A excelente popularidade da presidente Dilma se deve, entre outras razões, à ampliação dos programas sociais, ao aumento dos salários e do emprego formal, ao controle da inflação, à baixa da taxa de juros, à redução das contas de energia elétrica e da retirada dos impostos federais da cesta básica.
Entretanto, o desempenho dos indicadores econômicos será determinante. Os atuais indicadores econômicos que a fazem favorita neste momento, podem, em uma hipótese (remota) de descontrole, reverter essa tendência. E é nisso que os candidatos, dissidentes ou de oposição, apostam.
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Os potenciais adversários da presidente Dilma, ainda que não digam às claras, acham que terão chances concretas de derrotá-la se a inflação e a taxa de juros voltarem ao patamar de dois dígitos e houver apagões de energia, porque essas situações atingiriam os pilares da popularidade da presidente, além de descredenciá-la como boa gestora.
A dependência de erros do governo que levem à desorganização econômica ou perda de controle sobre os indicadores econômicos, de um lado, e a necessidade de unidade de seus partidos, que é condição para avançar em alianças, de outro, são os desafios e dilemas dos postulantes a suceder a presidente Dilma. E nesse particular, todos têm dificuldades.
O principal nome de oposição, o senador Aécio Neves, ainda não pacificou seu partido, especialmente em São Paulo e no Nordeste, em torno de sua candidatura. O governador Eduardo Campos, igualmente, ainda tem dificuldades com seu partido, notadamente no Ceará, e com os governadores que buscam a reeleição. A situação de Marina Silva, que para concorrer ainda depende da criação de um partido nos próximos seis meses, é a pior de todas.
De todas as candidaturas, a que mais preocupa o governo e o PT é a de Eduardo Campos, por três razões. Em primeiro lugar, porque se trata de uma dissidência do núcleo estratégico dos governos do PT no plano federal. Em segundo, porque poderia dividir votos no Nordeste e levar a eleição para o segundo turno entre PT e PSDB. E, em terceiro, a hipótese mais temida, que é a de um segundo turno entre Dilma e Eduardo.
O temor do governo e do PT se justifica. Se com os tucanos, que sofrem forte rejeição de setores prejudicados durante o governo FHC, o PSDB conseguiu mais de 40% dos votos nos segundos turnos em todas as eleições que disputou com o PT (2002, 2006 e 2010), com Eduardo Campos, que não tem essa rejeição e contaria com o apoio incondicional da oposição, as chances de por fim ao ciclo de mandatos presidenciais do Partido dos Trabalhadores seriam maiores.
Com tantas incertezas para os potenciais concorrentes da presidente Dilma, não seria nenhuma surpresa se alguns desses postulantes, por variadas razões, desistissem da disputa. Em um cenário desses, voltaria, pela quarta vez consecutiva, a polarização entre PSDB e PT, com a economia novamente definindo o resultado do pleito presidencial.
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