O Ministério Público Federal (MPF) instaurou inquérito na quarta-feira (2) para apurar possíveis irregularidades na aprovação de Valdiney Veloso Gouveia, reitor da Universidade Federal da Paraíba, no curso de graduação de engenharia de produção na mesma instituição em que atua.
O reitor prestou o vestibular, somando 638,9 pontos, e foi aprovado pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu 2022), classificado pelo sistema de cotas como ingressante de escola pública. Valdiney chegou a publicar as informações em suas redes sociais comemorando a aprovação.
Segundo a procuradora Janaína Andrade, responsável pelo caso, o MPF abriu o inquérito com base nas regras de ingresso em instituições públicas por cotas para segunda graduação, já que Valdiney é formado em Psicologia. Ela aponta possível ilegalidade na aprovação e eventual favorecimento do reitor no vestibular em função do cargo que ocupa. Janaína solicitou mais informações sobre o caso à pró-reitoria da UFPB para dar continuidade à investigação dos fatos.
“Diante dos fatos, determino apuração inicial da representação de eventual favorecimento e/ou violação de regras para o ingresso na UFPB pelo sistema de cotas, do qual se insere o SISU”, escreve no despacho.
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O regimento da UFPB e da reitoria não apresentaram impedimentos para a graduação de Valdiney Gouveia. O edital do Sisu também não proíbe a aprovação. A universidade não se pronunciou sobre o caso.
O episódio foi alvo de críticas do Sindicato de Professores da Universidade Federal da Paraíba (AdufPB), que divulgou nota em que questiona a motivação para o uso da vaga cotista pelo reitor e a sua dedicação ao cargo em paralelo com o curso de engenharia de produção.
“1) Tirar uma vaga de alguém que possa estar começando sua vida, vindo de escola pública, buscando a sua primeira graduação, tendo em vista a escassez de vagas disponíveis nessa modalidade. Ser cotista é pra quem necessita da cota, uma forma de reparação de inúmeras injustiças sociais cometidas pelo Estado. Será que esse sujeito, sendo professor titular da UFPB e reitor, ainda nas condições que se deram, sem o aval da comunidade universitária, precisa de cota para fazer uma segunda graduação? 2) Os cargos de direção exigem integralidade e disposição. Como garantir a qualidade da gestão sendo estudante, ou a excelência de estudante sendo reitor? Talvez essas duas funções, do ponto de vista qualitativo, sejam incompatíveis”, diz a nota da AdufPB.
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