Cerca de 80 movimentos sociais de todo Brasil se reuniram, na sexta-feira (27), na Casa de Portugal, em São Paulo, com o ex-presidente Luíz Inácio Lula da Silva (PT) para entregar ao petista documento com uma série de propostas para construção de um plano de governo que contemple diferentes setores da sociedade. “É fundamental derrotar o projeto neoliberal e garantir um governo que atenda às demandas populares”, destaca o documento assinado por entidades como a CUT, MTST, MST, UNE, entre outras.
No manifesto, as organizações populares apontam saídas para a superação dos problemas sociais e econômicos que o país enfrenta atualmente. “A partir da identificação desse cenário de crise nacional e dos problemas mais urgentes do povo, apresentamos um conjunto de propostas para motivar o embate político nas periferias das grandes cidades e nos interiores desse Brasil. Elas são o caminho para construir a força política e social para alterar a correlação de forças e viabilizar um processo de mudanças necessárias para superar a crise e reconstruir o Brasil”.
Para os movimentos, é fundamental derrotar Jair Bolsonaro e garantir um governo que atenda às demandas populares. “Enxergamos que a candidatura do ex-presidente Lula pode expressar essa mudança de rumos e acreditamos que a convergência do seu programa de governo com as bandeiras que animam as lutas sindicais e populares dependerá da nossa capacidade de mobilização, organização e construção coletiva e unitária”.
O documento elenca dez eixos com propostas que convergem com temas abordados por Lula em sua pré-campanha, principalmente no campo econômico. Além disso, o manifesto também traz como pontos importantes demandas na área de segurança pública, como a “promoção de uma política de segurança pública cidadã, desmilitarizada” e política de controle de armas , “que colabore decisivamente para redução do número de homicídios. (Veja abaixo o documento na íntegra)
De acordo com Simone Nascimento, coordenadora do Movimento Negro Unificado (MNU), a proposta entregue ao ex-presidente mostra que os movimentos sociais populares estão “mobilizados e organizados nas ruas, nos comitês, nas lutas cotidianas de seus segmentos, com propostas concretas para mudar o país”. A dirigente do MNU ressaltou ainda que os movimentos cobram de Lula a concretização do plano, prezando pela “defesa inegociável das mulheres, dos negros, dos indígenas, da juventude, contra o genocídio, contra o feminicídio e contra LGBTQIfobia”.
Para Simone Nascimento, somente a experiência prática e o tempo irão dizer o quanto a elaboração das organizações populares foi compreendida por Lula. “Ele fez uma sinalização importante. Ele entende que os movimentos sociais quanto elegem um governo não se tornam governistas, se tornam aqueles que vão continuar na luta pelas reivindicações de seu povo”.
No encontro, Lula se comprometeu com as lutas e reivindicações dos movimentos sociais e também fez uma espécie de convocação para que, neste momento, se mantenham alertas e engajados a derrotar o governo de Bolsonaro e, depois das eleições, “ajudem” a reconstruir o país.
“Povo é a voz de Deus e vai tirar Bolsonaro”, diz Lula
O ex-presidente Lula aproveitou o encontro com as lideranças dos movimentos sociais e falou sobre a postura adotada por Jair Bolsonaro ao lidar com os demais poderes. Lula apontou para o uso eleitoral e midiático dos ataques do presidente às instituições.
“Não estamos enfrentando um adversário fraco. Estamos enfrentando alguém perigoso, porque o comportamento dele não é democrático”, disse Lula sobre seu rival. “Ele vive de ofender as instituições. Ele vive dizendo que só Deus vai tirar ele de lá [da presidência]. Então eu quero que ele saiba que o povo é a voz de Deus, e o povo vai tirar ele de lá”, destacou.
Lula também brincou com o resultado da última pesquisa de intenção de voto do Datafolha, que o colocou 21 pontos acima de Bolsonaro. “Eu imagino que o Bolsonaro não dormiu essa noite. Eu imagino que ele falou: ‘que desgraça esse Lula tem? Que desgraça, que a gente faz fake news contra ele todo dia, a gente mente contra ele”, afirmou.
Veja o documento:
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