A ação da Polícia Federal contra o pré-candidato do PDT à presidência, Ciro Gomes, pode ter o condão de promover uma reaproximação entre ele e o também concorrente do PT, Luiz Inácio Lula da Silva.
Quando Lula foi condenado e preso, Ciro foi uma das vozes mais atuantes em solidariedade a ele. Ciro também foi solidário à ex-presidente Dilma Rousseff durante o seu processo de impeachment. Até que Ciro e o PT foram se afastando durante a campanha presidencial de 2018.
Ciro esperava obter apoio do PT quando Lula não pode disputar a eleição, primeiro condenado e impedido pela Lei da Ficha Limpa e depois preso. O PT insistiu na candidatura própria com Fernando Haddad. Pesquisas mostravam que Ciro talvez tivesse maior possibilidade que Haddad de vencer Bolsonaro no segundo turno. Ciro insistiu nesse ponto, e a relação foi se esgarçando. Quando houve o segundo turno, ele preferiu viajar para a Europa a apoiar Haddad na disputa com Bolsonaro.
Agora, como candidato à Presidência, Ciro vinha usando como estratégia atacar Lula para se colocar como opção de terceira via.
Ainda que tal estratégia não tenha sido abandonada, o episódio da ação da PF que investiga Ciro e seu irmão, o senador Cid Gomes (PDT-CE), geraram solidariedade de Lula e da presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), pela repetição do argumento de que tal ação agora teria viés político.
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No Twitter, Gleisi escreveu:
Invasão da casa de Ciro Gomes expõe outra vez a manipulação da PF com objetivo político. É dentro da lei que se defende o interesse público, não com espetáculo de mídia. Este episódio é a reestreia do lavajatismo na eleição de 22
— Gleisi Hoffmann (@gleisi) December 15, 2021
E Lula postou o seguinte, também no Twitter:
Quero prestar minha solidariedade ao senador Cid Gomes e ao pré-candidato a presidente Ciro Gomes, que tiveram suas casas invadidas sem necessidade, sem serem intimados para depor e sem levar em conta a trajetória de vida idônea dos dois. Eles merecem ser respeitados.
— Lula (@LulaOficial) December 15, 2021
Outro alvo das críticas de Ciro, a ex-presidente Dilma Rousseff engrossou o coro – que também contou com a solidariedade do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e do governador do estado, Camilo Santana.
Minha solidariedade ao senador Cid Gomes e ao pré-candidato Ciro Gomes. Suas casas foram invadidas, sem terem sido sequer intimados a depor. Como cidadãos brasileiros, merecem ser tratados com o respeito às leis vigentes ao país. Repudio o arbítrio e a perseguição a eles
— Dilma Rousseff (@dilmabr) December 15, 2021
Na sequência, foi Ciro quem afirmou numa entrevista ao UOL: “Não acho que Lula seja ladrão. Nunca disse isso”. Depois foi ao Twitter: “Obrigado presidente @LulaOficial. O estado policial de Bolsonaro é uma ameaça à democracia e a todos os democratas. Me considero na obrigação de dar todos os esclarecimentos necessários, em respeito ao povo brasileiro, e o farei.”
Até onde irá prosperar tal reaproximação, não se pode dizer. Mas a PF reuniu Lula e Ciro.
É os corruptos se solidarizam. Isso já era o esperado. O covil junto e solidário