Antes de mais nada, é bom esclarecer. A referência aqui não pretende ser ofensiva ao senador Sergio Moro (União Brasil-PR). Esclarecido esse ponto, sigamos.
Diz o ditado popular que “quem fala demais, dá bom dia a cavalo”. E na quarta-feira (22), já comentávamos por aqui. Na terça-feira (21), Lula, em uma entrevista, afirmou que, na prisão, teria dito o seguinte: “Tudo só estará bem quando eu foder o Moro”. Um dia depois, a Polícia Federal deflagrou uma operação que prendeu integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC) que planejavam assassinar Sergio Moro. A associação é sem dúvida maldosa. Mas foi feita. E Lula deveria mesmo ter evitado externar desse jeito suas mágoas a Moro, externando esse sentimento de revanche. Moro não deixa de ter razão quando afirma que isso estimula o ódio. Só não tem mais razão por apoiar Bolsonaro, que continua sendo o campeão brasileiro da estimulação ao ódio.
Feita, então, toda a confusão, com Moro, ficando claro que mais prudente teria sido Lula ficar calado, o que fez o presidente? Nesta quinta-feira (23), volta a falar de Moro. No Complexo Naval de Itaguaí, no Rio de Janeiro, Lula afirma: “Eu acho que isso é mais uma armação do Moro”.
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Bem, se isso é “mais uma armação do Moro”, então o ex-juiz da Lava Jato, agora senador, conseguiu enrolar a Polícia Federal e o ministro da Justiça de Lula, Flávio Dino. Porque efetivamente foi deflagrada uma operação da PF que prendeu, conforme o que a investigação apurou, integrantes do PCC que planejavam sequestrar e assassinar Moro. E Flávio Dino ainda deu declarações endossando a investigação.
Bem, se, como diz o ditado, “quem fala muito dá bom dia a cavalo”, no caso, se Lula não deu bom dia a cavalo, deu bom dia a Sergio Moro. Porque, ao voltar novamente ao tema, a única coisa que Lula a essa altura conseguiu foi manter os holofotes sobre Moro.
Moro, é claro, já tratou de novamente responder a Lula. “O senhor não tem decência?”, questionou o senador. E gravou um vídeo em que diz que repudia “veementemente” as afirmações de Lula.
PublicidadeBem, enquanto Lula e Moro trocam os seus “bons dias”, os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), não se entendem sobre o rito de tramitação das medidas provisórias, paralisando o Congresso. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, adia o anúncio do seu arcabouço fiscal. O Brasil segue com as taxas de juros mais altas do mundo.
Se Lula estiver falhando no seu projeto de cunho, digamos, sexual, com Sergio Moro, talvez a vítima mesmo por enquanto de tudo isso venha sendo toda a sociedade brasileira.