O pré-candidato do PT à Presidência da República, o ex-presidente Lula, declarou sua posição em favor da legalização do aborto no Brasil em um evento promovido em São Paulo na última terça-feira (5). “Eu não quero ter um filho, vou cuidar de não ter um filho. Vou discutir com meu parceiro: ‘eu não quero’. O que não dá é que exista essa lei e não deixa cuidar. Então, nós precisamos avançar muito. Essa pauta da família, dos valores é muito atrasada”, comentou.
No evento, o petista tratou a questão do aborto por duas perspectivas: uma social e outra de saúde pública. Ele relatou casos de aborto entre mulheres pobres, que correm risco de vida ao procurarem alternativas fora da rede pública de saúde. “Aqui no Brasil, por exemplo, as mulheres pobres morrem tentando fazer aborto porque é proibido, o aborto é ilegal. A mulher pobre ela fica cutucando seu útero com uma agulha de crochê, ela fica tomando chá de qualquer coisa”.
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Durante o debate promovido pela Fundação Perseu Abramo com a alemã Fundação Friedrich Ebert, em São Paulo, Lula também chamou a atenção pelo fato de mulheres de classes abastadas poderem optar por realizar o procedimento fora do país. “Numa cidade chamada Jaguaquara, na Bahia, eu conheci uma mulher que usava fuligem do fogão a lenha, aquela fumaça, aquela coisa que gruda, sabe? Colocando na vagina para ver se ela abortava”, disse Lula, usando a seguir outro exemplo do quadro social do país.
“[Isso] quando a madame pode fazer um aborto em Paris, ela pode ir a Berlim, ela pode escolher Berlim. Aqui no Brasil ela não faz porque é proibido, quando na verdade poderia ser transformado numa questão de saúde pública, todo mundo ter direito e não ter vergonha”, completou. O evento com o ex-presidente e agora pré-candidato teve a participação do ex-presidente do Parlamento Europeu, o alemão Martin Schulz.
A legalização do aborto no Brasil ainda é um tabu para a classe política. Em virtude do crescimento da pauta conservadora no país, congressistas e políticos mesmo quando são favoráveis ao tema não falam publicamente sobre o assunto. Alguns adversários do ex-presidente Lula, como os ligados ao atual presidente Jair Bolsonaro (PL), colocam a temática sob o viés da religião, tratando a questão como um “direito à vida”.
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