Fernando Henrique Cardoso continua sendo o principal estrategista do campo conservador brasileiro. Sua cutucada pública em Alckmin demonstra que possui uma leitura correta e refinada do quadro político que vai se desenhando.
Não é fácil conseguir ler corretamente os ventos de dentro das máquinas partidárias. É natural que a visão acabe ficando turva, embaçada por jogos internos de disputas de micro poderes que servem a carreiras burocráticas, mas nada tem a ver com a disputa pelo poder real. O partidismo exacerbado cega, e costuma conduzir a erros que seriam evitáveis. Os tucanos estão presos no próprio ninho.
FH, longe destas estruturas, sente mais fácil o vento que sopra da sociedade. Ao colocar em xeque a candidatura do governador paulista à presidência e tentar ressuscitar Huck, ou inventar Pedro Parente, sinaliza que entendeu o óbvio.
Para ganhar de Lula é preciso “vender novidade”. Não interessa mais se o ex-metalúrgico será ou não candidato. Martirizado, candidato ou não, terá força desproporcional no pleito. Já escrevi que enfrentar Alckmin é covardia. O paulista “é passado”. Na comparação de quem fez mais, de passado, Lula é imbatível no imaginário popular.
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Lula só pode ser derrotado por alguém com quem a comparação seja impossível. Com alguém novo, ungido por um conjunto de forças poderosas. Alguém que fale e venda o futuro. Na disputa entre passado e futuro pode residir uma possibilidade. Só o “novo” pode derrotar Lula. FHC vê longe. Se terá sucesso é outra história.
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