Depois de divisões e disputas internas, o PSDB escolheu o ex-governador Marconi Perillo (GO) como o novo presidente do partido. O nome foi oficializado nesta quinta-feira (30) na convenção nacional da sigla, em Brasília. A eleição é a nova tentativa dos tucanos de retomar a relevância e influência que o PSDB já teve no país.
A convenção foi marcada por discursos que citaram a derrocada do partido, com queda no número de eleitos em 2022. No entanto, os filiados também indicavam que o PSDB pode se reerguer e que as eleições de 2024 seriam um caminho para isso, aumentando a base do partido em prefeituras.
“O Brasil precisa do PSDB”, disse o ex-governador Eduardo Azeredo (MG).
Durante os discursos, filiados confirmaram seu apoio a Marconi Perillo, entoando seu nome. Um dos nomes que foram cotados para a presidência do partido, o líder da bancada na Câmara, Adolfo Viana, declarou apoio a Marconi Perillo para tentar reerguer a sigla tucana.
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“De fato perdemos número. Mas agora em 2024 precisamos olhar para a base”, disse Viana. “As eleições de 2024 são fundamentais para o PSDB voltar a ganhar musculatura.”
Outro nome cogitado foi o do ex-senador e ex-presidente da sigla tucana José Aníbal (SP). Mas os caciques do partido entraram em acordo em torno do nome do ex-governador de Goiás, que foi o primeiro a ser considerado depois de Eduardo Leite (RS) se afastar. Marconi tem bom relacionamento com os principais líderes do partido, inclusive Aécio Neves (MG). Apesar do tom amigável na convenção, o acordo demandou muito diálogo e até o início da noite de quarta-feira (29) ainda não havia sido fechado.
“Coloquei minha candidatura. Eu não acho que disputa divide”, disse Aníbal. Segundo ele, o partido tem unidade, mas no momento não tem âncora. “O PSDB está um pouco perdido nesse panorama político”, declarou.
Inicialmente, os principais nomes do PSDB desejavam que Leite continuasse como presidente. A nova eleição foi uma exigência da Justiça por irregularidade na prorrogação da última comissão executiva nacional do partido. Mas Leite definiu que não iria colocar seu nome na disputa depois dos desastres naturais que atingiram o Rio Grande do Sul nos últimos meses.
Números da eleição interna
O novo diretório nacional do PSDB foi eleito em uma eleição que teve no total 214 votos, apesar dos mais de um milhão de filiados ao partido. Foram 208 votos a favor da chapa única apresentada para determinar o futuro do partido no ano eleitoral de 2024.
Para o PSDB Mulher, a prefeita de Palmas, Cinthia Ribeiro, ganhou o comando da ala. Já o Tucanafro, Secretariado Nacional da Militância Negra do PSDB, ficou sob o comando de Gabriela Cruz. O setor Diversidade Tucana, sobre diversidade sexual, se manteve com Edgar Souza.
Derrocada do PSDB
Fundado em 1988 como uma dissidência do MDB, o PSDB tem entre os seus fundadores o ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso. O partido se colocava como a principal oposição ao poder por décadas. Depois de governar o país por oito anos, o PSDB se destacou como principal opositor dos governos Lula e Dilma Rousseff. Perdeu protagonismo em meio a escândalos políticos que atingiram algumas de suas principais lideranças, como Aécio Neves, e ao crescimento da extrema-direita.
Um dos maiores partidos em número de filiados do Brasil, com 1,32 milhão, o PSDB diminuiu de tamanho em 2022. Sem candidato para a Presidência da República, o partido também amargou nos estados: elegeu somente três governadores, com Raquel Lyra (PE), Eduardo Leite (RS) e Eduardo Riedel (MS). Raquel está cada vez mais próxima do presidente Lula e sua saída do partido é considerada uma questão de tempo.
No Congresso Nacional, o PSDB, em sua federação com o Cidadania, só conseguiu eleger 18 deputados federais. Nenhum senador foi eleito em 2022.
Ainda assim, no Senado contava com quatro nomes: Izalci Lucas (DF), Plínio Valério (AM), Mara Gabrilli (SP) e Alessandro Vieira (SE). Os últimos dois deixaram o partido durante o ano. Com isso, o PSDB perdeu o gabinete de liderança do Senado, espaço a que a sigla tinha direito desde sua fundação. Já Izalci, o líder da sigla, conversa com o PL e com o União Brasil para mudar de partido. Plínio também é cobiçado por outros partidos.
Ex-deputado federal e ex-senador, Marconi foi governador de Goiás por quatro mandatos (1999 a 2002, 2003 a 2006, 2011 a 2014, e de 2015 a 2018). Naufragou, no entanto, em suas últimas incursões eleitorais – foi derrotado na disputa ao Senado em 2018 e 2022. Em outubro de 2018, o ex-governador foi preso preventivamente na operação Cash Delivery por ser acusado de receber R$ 12 milhões em propina da Odebrecht.
Ele foi solto, porém, no mesmo dia após conseguir um habeas-corpus. A operação, derivada da Lava Jato, foi anulada em 2022. Marconi também foi alvo da CPMI do Cachoeira, que investigou a relação do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Cacheira, com políticos goianos.
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