O candidato do PDT à prefeitura de Fortaleza (CE), José Sarto, tem na sua coligação partidos que são antagônicos em nível nacional. O pedetista, que tem Élcio Batista, do PSB, como vice, conta com o apoio desde o primeiro turno do DEM e do PSDB. A partir do segundo turno se somaram ao arco de alianças o Psol, o PT e o PCdoB.
A exemplo do primeiro turno da Eleição, o PSDB faz um chamamento a todos os filiados para que reforcem o projeto de Sarto para a Prefeitura de Fortaleza.#soutucano #votosarto
Publicado por PSDB-CE em Domingo, 22 de novembro de 2020
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O oponente de Sarto no segundo turno é o deputado federal Capitão Wagner (Pros), que tem como vice a candidata Kamila Cardoso (Podemos). O congressista é apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro, mas nunca usou o presidente em sua campanha eleitoral, preferindo fazer menções mais genéricas à proximidade com o governo federal para demonstrar que isso seria bom para trazer recursos para a cidade.
Quando o apoio de Bolsonaro é citado por concorrentes em debates, Wagner tem afirmado que nem sempre segue a orientação do governo federal e cita o voto contra a reforma da Previdência.
De acordo com a pesquisa Ibope mais recente, divulgada na segunda-feira (23), Sarto está com 60% das intenções de votos contra 40% do Capitão.
Além do Pros e Podemos, Wagner tem na coligação o Republicanos, o PSC, o DC, o Avante, o PMN e o PMB. Seu principal aliado é o senador Eduardo Girão (Podemos), que doou mais de R$ 1 milhão para a campanha.
Ibope em Porto Alegre: Sebastião Melo tem 49% e Manuela D´Ávila, 42%
O deputado do Pros comentou sobre o arco de alianças de Sarto em entrevista ao jornal O Povo na segunda-feira. “Você vê no mesmo palanque Psol e PSL, PT e PSDB. É importante para quem nos assiste agora entenda que há uma tentativa de evitar que uma pessoa que não tem padrinho político se torne prefeito da cidade. Não há nenhum motivo para união contra mim”. Apesar de ter sido mencionado pelo candidato, o PSL não apoia Sarto e está neutro no segundo turno.
Wagner é o principal nome de oposição a Ciro e Cid Gomes em Fortaleza, grupo que apadrinha a candidatura de Sarto. “A família Ferreira Gomes é uma oligarquia e há a possibilidade dessa família ser destroçada aqui na capital”, disse em entrevista ao O Povo.
Na propaganda eleitoral, Sarto usou vídeos de figuras nacionais dos partidos que o apoiam. Foram usadas declarações de apoio do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), do deputado Marcelo Freixo (Psol) e do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE).
Apesar de contar com o apoio dessas legendas, há casos em que a orientação partidária não é seguida. A deputada federal e ex-prefeita da capital cearense Luizianne Lins (PT), que foi candidata no primeiro turno e sofreu fortes ataques da campanha do PDT, preferiu ficar neutra no segundo turno, ainda que o PT tenha apoiado o pedetista.Na noite de terça-feira (24), Luizianne escreveu uma mensagem de apoio no Twitter a Marília Arraes (PT) em Recife (PE), Guilherme Boulos (Psol) em São Paulo (SP), Manuela D’Ávila (PCdoB) em Porto Alegre (RS) e João Coser (PT) em Vitória (ES), mas não comentou sobre a disputa em Fortaleza. A postagem foi apagada pela deputada ainda na terça-feira.
O apoio no PSDB também não é unânime. O deputado federal Danilo Forte (PSDB-CE) e o prefeito eleito de Maracanaú (CE), Roberto Pessoa (PSDB), apoiam desde o primeiro turno a candidatura de Capitão Wagner.
Wagner também foi candidato na eleição de 2016, quando perdeu no segundo turno para Roberto Cláudio (PDT). Na ocasião, ele era filiado ao PL e tinha o apoio de caciques regionais como Eunício Oliveira (MDB) e Tasso Jereissati (PSDB). Neste ano, o MDB apoiou a candidatura de Heitor Férrer (Solidariedade) e no segundo turno optou pela neutralidade.
O deputado do Pros começou a carreira política em 2012 após se notabilizar por ser um dos porta-vozes de uma greve de policiais militares no Ceará. Hoje ele é o principal nome de oposição ao grupo político de Ciro e Cid Gomes em Fortaleza.
Além de Fortaleza, Bolsonaro se manifestou sobre outra eleição no Ceará. O presidente da República declarou apoio a Oscar Rodrigues (MDB) na disputa pela prefeitura de Sobral. O emedebista era o único concorrente de Ivo Gomes (PDT), irmão de Ciro e Cid e que foi reeleito com 59,23% dos votos válidos. Oscar Rodrigues obteve 40,77%.
Caucaia
Outra cidade cearense cuja disputa seguiu para o segundo turno foi Caucaia, que faz parte da região metropolitana de Fortaleza. Lá o atual prefeito Naumi Amorim (PSD) tenta a reeleição e disputa o pleito com o deputado estadual Vitor Valim (Pros).
Naumi tem o PDT de Ciro e Cid Gomes na coligação. Apesar disso, Ciro Gomes contrariou o próprio partido e fez um vídeo no primeiro turno apoiando a candidatura de Elmano de Freitas (PT). O prefeito de Caucaia é filiado ao PSD, que regionalmente é controlado pelo grupo político de Domingos Filho, ex-vice-governador do Ceará, e pai do deputado federal Domingos Neto.
Vitor Valim é apresentador de um programa policial na TV Cidade, afiliada local da Record no Ceará. De oposição aos Ferreira Gomes e próximo politicamente de Capitão Wagner, Valim é apoiador de Jair Bolsonaro e já o entrevistou quando ele era candidato a presidente em 2018.
O PSDB, que disputou o primeiro turno com Emília Pessoa, terceiro lugar em número de votos, declarou apoio a Valim.