Na manhã desta quarta (18), diversos usuários brasileiros na rede Bluesky relataram ter recuperado o acesso ao X, suspenso no Brasil por ordem judical desde agosto, sem precisar recorrer a aplicativos de rede virtual privada (VPN). De acordo com a Associação Brasileira de Provedores de Internet e Telecomunicações (Abrint), a quebra do bloqueio aconteceu graças a uma atualização do site, e as empresas dependem de orientações da Agência Brasileira de Telecomunicações (Anatel) para conseguir retomar o bloqueio à empresa de Elon Musk, pois as alternativas alcançáveis podem prejudicar os próprios sistemas do governo.
Em nota, a Abrint explicou que, durante a última madrugada, o X vinculou os endereços IP de suas páginas ao serviço Cloudflare, sistema que altera constantemente o protocolo de acesso, inviabilizando o bloqueio individual por parte dos provedores. Com isso, a maioria dos usuários recuperou o acesso à plataforma, que permanece inacessível apenas em alguns navegadores de internet.
A única opção ao alcance dos provedores, que dependeria de ordens da Anatel para ser executada, seria bloquear todas as páginas registradas no Cloudflare. As consequências disso, porém, seriam drásticas: mais de 50 mil usuários, pessoas físicas e jurídicas, possuem domínios registrados no sistema da empresa. “Bloquear o Cloudflare significaria bloquear não apenas o X, mas também uma série de outros serviços que dependem dessa infraestrutura, o que poderia afetar negativamente a internet como um todo”, alertou a Abrint.
O próprio governo brasileiro seria afetado por um bloqueio ao Cloudflare: desde maio de 2023, a empresa atua em parceria com o Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro) no desenvolvimento de uma plataforma de segurança digital conjunta, o GovShield. Esse sistema é adotado por diversas agências governamentais, incluindo a Polícia Federal, a Força Aérea Brasileira e o próprio Ministério das Comunicações.
A Cloudflare ainda possui parcerias firmadas com dezenas de prefeituras brasileiras para a segurança de seus próprios sistemas digitais, além de grandes empresas com amplas bases de usuários no Brasil, como Apple, Google e Microsoft.
“Os provedores de internet estão em uma posição delicada. (…) Um bloqueio equivocado poderia afetar empresas legítimas. Dessa forma, estão aguardando uma análise técnica e instruções da Anatel para decidir quais medidas serão tomadas”, declarou a Abrint.
A plataforma X está suspensa no Brasil desde o fim de agosto, por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF). A empresa, sob propriedade do empresário sul-africano Elon Musk, é acusada por múltiplos descumprimentos de sentenças, além de não possuir representante no país, exigência legal para o funcionamento de redes sociais de grande porte. Musk reage, desde então, com um discurso de beligerância contra o Judiciário brasileiro, além de estimular usuários a buscarem meios de rompimento do bloqueio.
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