Pedro Lupion *
Chegamos ao dia 2 de agosto, Dia Internacional da Cerveja. O que você pensa quando se lembra de uma cerveja? Grandes fábricas? Bares? Transportadoras? Festas? Ouso apostar que uma das últimas coisas que passa pela sua cabeça quando pensa em cerveja é agricultura. É dos campos brasileiros que nasce a mais popular bebida nacional. Mais do que isso: a fabricação de cervejas é uma das principais atividades do agronegócio brasileiro. Isso é demonstrado no mais recente levantamento de 2023 da revista Forbes sobre as 100 maiores empresas do agro brasileiro, onde a cervejaria Ambev ocupa a sétima posição.
A agricultura é uma das áreas mais beneficiadas pela indústria cervejeira, pois a produção de cevada e lúpulo demanda investimentos em tecnologia, máquinas, insumos agrícolas e mão de obra. Isso gera um ciclo de desenvolvimento econômico nas regiões produtoras, estimulando a atividade agrícola e gerando novas oportunidades de emprego e negócios. Além disso, a produção de cerveja contribui para a diversificação da matriz agrícola brasileira, incentivando o cultivo de novas variedades de cevada e lúpulo e promovendo a rotação de culturas nas propriedades rurais.
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Isso contribui para a sustentabilidade ambiental e econômica do setor agrícola, reduzindo os impactos negativos da monocultura e promovendo uma maior diversidade de cultivos. O cultivo e o compromisso do Brasil com a categoria são tão grandes que, em outubro de 2019, o Ministério da Agricultura instalou a Câmara da Cerveja, com o objetivo de debater medidas para atender às demandas e fomentar a produção nacional.
A Câmara existe para, entre outros desafios, enfrentar a necessidade de maior estabilidade na oferta de grãos com qualidade. O Brasil ainda precisa importar grãos para produzir a cerveja nacional. Segundo a Embrapa, a indústria cervejeira precisa de grãos de cevada que apresentem um teor mínimo de 9,5% e um máximo de 12% de proteína bruta, além de 95% de taxa de germinação, atributos que permitem fazer malte com qualidade que atende o mercado. No entanto, justamente em função do nível de exigência com relação a atributos físicos e químicos dos grãos de cevada para fins cervejeiros, muitos produtores acabam trocando a cevada pelo trigo.
No caso do lúpulo, por se tratar de uma cultura agrícola relativamente nova no Brasil, os produtores enfrentam dificuldades, principalmente no que diz respeito ao maquinário necessário para os processos de produção e ao próprio conhecimento em si sobre o plantio. Alemanha e Estados Unidos, os dois maiores produtores mundiais, por exemplo, produzem seu próprio lúpulo há centenas de anos. É algo enraizado na cultura desses povos, e as técnicas de manuseio da planta são passadas de geração em geração. Atualmente, o Brasil possui pouco mais de 150 produtores de lúpulo, presentes nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Minas Gerais.
Podemos ver então que a cerveja é emprego e renda no campo. Seja no cultivo da cevada, do lúpulo ou dos cereais maltados, ou na cadeia de logística, assistência técnica ou pesquisa. Antes de chegar gelada à sua mão, a cerveja passa pelas mãos de milhares de agricultores e cooperativas, sobretudo nos estados do Paraná e do Rio Grande do Sul.
E, se hoje o Brasil ocupa o terceiro lugar entre os maiores produtores de cerveja do mundo, é o peso do agronegócio que sustenta esse crescimento positivo. Por isso, nosso brinde hoje é entre o campo e a mesa do brasileiro: obrigado e saúde!
* Pedro Lupion (PP-PR) é deputado federal e presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA).
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