Um estudo realizado pelo Instituto Socioambiental (ISA) demonstra um aumento de quatro anos seguidos na taxa de desmatamento da Amazônia Legal, índice considerado inédito desde 1988. O levantamento, divulgado no último dia 22, foi feito a partir de dados obtidos via satélite divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Apenas no intervalo de 2020 a 2021, o aumento foi de 21,97%.
O último intervalo analisado pelo ISA leva em consideração o segundo semestre de 2020 e o primeiro de 2021. Nesse período, foram devastados 13.235km² de mata nativa na Amazônia. Durante o intervalo anterior, que vai do segundo semestre de 2019 ao primeiro de 2020, a devastação foi de 10.851km². Do total desmatado, 16,71% foram registrados em áreas protegidas (unidades de conservação ambiental e terras indígenas).
Os povos indígenas também foram duramente atingidos pelo desmatamento ao longo dos últimos anos, conforme aponta o estudo. O intervalo de 2019 a 2021 apresentou um aumento de 138% na degradação florestal em terras indígenas se comparado aos três anos anteriores (2016-2018). Incêndios ilegais, extração ilegal de madeira e garimpo ilegal são as principais causas apontadas.
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Os números podem ser ainda piores. O ISA alerta que os dados fornecidos pelo Inpe ao tratar de terras indígenas consideram apenas os locais onde a vegetação foi completamente arrasada, resultando na apresentação de índices muitas vezes menores do que a realidade. “As terras indígenas sofrem intensos processos de invasão e degradação florestal (…). Tais vetores de degradação florestal não são registrados pelo sistema”.
As altas constantes em índices de desmatamento na Amazônia não são vistas por acaso pelo ISA. “O resultado é fruto de um esforço de desmonte das políticas ambientais e de combate ao desmatamento do atual governo”, apontam os pesquisadores. Esse desmonte não afeta o país apenas em questões ambientais, mas também no cenário internacional, onde o instituto aponta para o Brasil perder o protagonismo no debate sobre o meio ambiente e se afastar dos termos do Acordo de Paris.
Confira a seguir o estudo na íntegra:
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