O deputado federal Elias Vaz (PSB-GO) acionou na última sexta-feira (13) o Tribunal de Contas da União (TCU) pedindo novas investigações sobre o uso dos cartões corporativos nos gastos das férias do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), no litoral paulista e catarinense, do dia 18 de dezembro de 2020 até o dia 05 de janeiro de 2021.
O documento levanta vários questionamentos. Elias Vaz denunciou que as férias do ex-presidente em Santa Catarina e no Guarujá, nesse período de férias, custaram aos cofres públicos R$2.452.586,11. Isso em plena pandemia.
Diversos pontos chamaram a atenção nesses novos dados apresentados, como a inconsistência de despesas com hospedagem, pagamento de diárias e alimentação aos militares pelo Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI), na época comandado pelo general Augusto Heleno.
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Elias Vaz enviou, em janeiro de 2021, requerimentos de informação ao GSI e à Secretaria-Geral da Presidência da República solicitando informações sobre os gastos nessas férias de 2020/2021. Em resposta, General Heleno informou que os gastos foram de R$ 202.538,21 em passagens aéreas, diárias e hospedagens aos militares que fizeram a segurança do ex-presidente. Tudo pago diretamente na conta bancária dos servidores.
Confira o pedido de investigação:
Entretanto, a planilha divulgada pela Presidência da República no dia 12 de janeiro mostra que foram gastos mais de R$ 703 mil com hospedagens e alimentações por meio dos cartões corporativos.
Segundo a planilha, no Guarujá, no período dessas férias, o ex-presidente gastou R$ 493 mil em hospedagem no Ferraretto Hotel Guarujá. O equivalente à R$ 61 mil por dia. Em Santa Catarina, o valor foi R$ 157, 54 mil.
“Bolsonaro costumava divulgar que o maior gasto dos cartões corporativos era com o pessoal da segurança. Se eles receberam diárias do GSI, de R$ 200 mil, como o ex-presidente gastou R$700 mil nos cartões? Quem gastou esse dinheiro todo? Se não foi com a segurança, foi com ele?”, questiona Elias.
Além desses gastos, outro dado chamou a atenção: Rio de Janeiro, que estava fora da rota de férias, também foi citado.
Nos dias 18 e 30 de dezembro de 2020 e no segundo dia de janeiro de 2021, no Rio de Janeiro, a Presidência da República pagou R$ 34.250,00 em hotéis. Lembrando que o presidente e a equipe do GSI estavam a caminho de Santa Catarina no dia 18/12/2020. No dia 2 de janeiro, já estavam no Guarujá. O questionamento levantado foi sobre o motivo de ter gasto dinheiro no Rio quando a comitiva estava em outro local.
Alimentação
As mesmas irregularidades foram encontradas em gastos com alimentação. Em uma padaria, também no Rio de Janeiro e fora da rota das férias, foram gastos, no dia 18/12/2020, R$ 9 mil.
“Enquanto o cartão era usado no Rio, o presidente e sua equipe estavam a caminho de São Francisco do Sul, em Santa Catarina. O que justifica esse gasto de quase dez mil reais?”, pergunta Elias.
Apesar da diária dos funcionários incluir alimentação, o cartão também foi usado em lanchonetes, no valor total de R$ 18 mil, e em compras de supermercado, no valor total de R$ 63mil.
“Nós detectamos que a maioria dos servidores ganhou diárias que incluíam alimentação, isso foi mostrado pelo pessoal ligado à segurança do próprio GSI, o que justifica esses gastos extras com comida?” questiona Elias Vaz.
Eventos
No meio dessas férias, entre os dias 18 de dezembro de 2020 e 05 de janeiro de 2021, Bolsonaro e sua equipe gastaram R$ 41.890,00 com empresas de promoção de eventos em Santos/SP e São Francisco do Sul/SC. Duas empresas foram contratadas.
A YPS EVENTOS, uma empresa esportiva, recebeu R$ 34.090,00 e forneceu bens móveis durante a estadia de Bolsonaro no Guarujá/SP.
“Essa é uma empresa de equipamentos esportivos que, aparentemente, aluga Jet Skis. A mídia divulgou amplamente imagens do Bolsonaro usando o veículo aquático nas férias. Será que ele gastou esse dinheiro todo alugando o equipamento, para o seu próprio divertimento e enquanto a população passava fome e dificuldades por conta da pandemia?”, questiona Vaz.
Já a PICOS E CIA – BOSSO ALUGUEL DE PALCOS E COBERTURAS LTDA ME, empresa que atua no segmento de locação de palcos e estruturas para eventos, recebeu R$ 7.800,00 para o fornecimento de bens móveis durante o período em que Bolsonaro esteve em São Francisco do Sul/SC.
“Bolsonaro alugou palco para quê? O que ele estava fazendo nas férias? Ele gastou dinheiro com palco, numa atividade particular, usando dinheiro do povo?” finaliza Elias Vaz.
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