Candidato que preza pela democracia tem por obrigação ouvir não só a voz das ruas, mas também das redes. Esta segunda, que nem de longe está dissociada da primeira, ganhou um montante de 5 milhões de adeptos em 2021, demonstrando a força com que o ativismo digital chega para este ano de eleições, ainda sob circunstâncias impostas pela pandemia.
O dado é referente à adesão de usuários que passaram a criar ou a assinar petições online por meio da plataforma Change.org. Saltando de 34 para 39 milhões de pessoas, o crescimento foi de 15% em 2021 em comparação com o ano anterior. Isso significa que pelo menos 16% de toda a população brasileira usa deste meio para exercer seu papel na democracia: apresentar demandas, reivindicar direitos, propor soluções e cobrar autoridades.
Em uma analogia, é como se as populações somadas dos estados de Minas Gerais e do Rio de Janeiro fossem adeptas de abaixo-assinados na internet. Este marco atingido pelo ativismo digital em 2021 dá a ele um peso diferenciado como importante ferramenta cidadã para as eleições que serão disputadas neste ano: Presidência da República, governos estaduais, assembleias legislativas estaduais, Câmara dos Deputados e Senado Federal.
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Por meio das petições, o povo se une, passa seus recados e aponta em cada história de direito negado, injustiça cometida, de falta da presença do Estado, quais são suas carências e para onde os políticos devem olhar. Através dos abaixo-assinados direcionados ao setor público, há uma enorme chance de as autoridades terem acesso aos anseios da população. E, mais do que isso, de ouvi-los, recebê-los e atendê-los, conforme espera-se da política.
O povo não está apático. Outros dados também coletados da plataforma Change.org demonstram como o brasileiro vem se articulando num ativo exercício cidadão para além do voto nas urnas eletrônicas a cada quatro anos. Somente em 2021, os cidadão lançaram quase 15 mil petições e deixaram seu apoio, em forma de assinatura, 33 milhões de vezes.
É também através deste meio que pautas são levadas ou intensificadas na sociedade. Com a facilidade da internet, alguns abaixo-assinados alcançam rápidas e gigantescas proporções, o que mostra a eficiência desta ferramenta para a promoção de debates urgentes e essenciais. O caráter livre, aberto, plural e independente que a Change.org possui, por exemplo, é fundamental para que esse recurso seja utilizado por todo e qualquer cidadão.
Não há saída fora da política ou democracia sem participação cidadã. A sociedade só tem a ganhar com o incentivo de espaços ligados ao ativismo digital, desde que eles joguem dentro das regras do Estado democrático de direito, respeitem as leis nacionais e sejam, obviamente, seguros, saudáveis e responsáveis para todos os usuários e públicos envolvidos.
Por sua abrangência e relevância social, mais do que incentivadas, plataformas facilitadoras ou promotoras do ativismo digital devem, ainda, ser enxergadas com legitimidade por parte daqueles que desejam tornarem-se representantes do povo em cargos eletivos.
Nas últimas eleições municipais, abaixo-assinados foram criados por cidadãos de três capitais – São Paulo, Porto Alegre e Salvador – sobre problemas que mais os afligiam em suas cidades, e levados para conhecimento dos candidatos que disputavam a prefeitura. Alguns receberam as demandas e responderam aos questionamentos colocados nas petições.
Diante da ascensão do ativismo digital no país, este ano será uma grande oportunidade para candidatos e eleitores fazerem uso dessa ferramenta para se conectarem. E, como a construção da vida política do país acontece antes, durante e depois das eleições, este recurso será sempre necessário e importante para a construção e manutenção da democracia.
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