O deputado distrital Chico Vigilante (PT), presidente da CPI que investiga na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) os atos golpistas de 8 de janeiro, anunciou que o colegiado planeja investigar os motivos pelos quais o Exército forneceu segurança ao acampamento montado em frente ao quartel-general da força terrestre, em Brasília, por manifestantes que exigiam um golpe militar.
O acampamento foi montado no dia após o segundo turno das eleições de 2022, por caravanas de bolsonaristas que se recusavam a reconhecer o resultado das urnas. Reunindo centenas de manifestantes, o acampamento inicialmente contou apenas com um cordão de militares para impedir que ocupassem espaço da Avenida Duque de Caxias, via de passagem das viaturas entre os batalhões do Exército na capital.
O empresário Joveci Xavier de Andrade, último depoente a comparecer na CPI e participante do acampamento, afirmou em seu depoimento, na quinta-feira, que, com o tempo, o Exército passou a fornecer segurança aos acampados. O mesmo foi observado pelo Congresso em Foco no mês de dezembro, quando equipes de militares foram fotografadas pela reportagem realizando patrulhas dentro da área do acampamento, chegando a circular por entre as barracas.
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“Mais importante do depoimento de hoje foi a confirmação de que o Exército fez a segurança do acampamento”, afirmou Chico Vigilante. O local onde foi montado o acampamento ficava dentro do Setor Militar Urbano, bairro de jurisdição do Comando Militar do Planalto. Seu ex-comandante, general Gustavo Henrique Dutra, é um dos nomes convidados para depor na CPI, previsto para ser recebido em maio. O líder do colegiado espera poder questioná-lo sobre as patrulhas.
Acampamento do crime
Apesar da presença constante de militares do batalhão de Polícia do Exército, a criminalidade permaneceu uma constante dentro do acampamento, conforme contou o coronel Jorge Eduardo Naime, da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), que depôs anteriormente na CPI. O oficial contou ter se infiltrado no acampamento em diversos momentos para planejar a operação de desmobilização, e ter constantemente testemunhado crimes diversos.
“Ali tinha tráfico de droga, ambulante, prostituição, denúncia de estupro”, contou. Ele também disse ter testemunhado a prática de extorsão entre os acampados, com líderes exigindo transferências bancárias dos participantes para que pudessem permanecer acampados ali. Vendedores ambulantes também teriam sido cobrados em R$ 600 para alugar barracas.
O acampamento também foi berço dos atos terroristas frustrados que antecederam a posse do presidente Lula. Os manifestantes bolsonaristas George Washington Oliveira, Wellington Macedo e Alan Diego dos Santos Rodrigues trouxeram armas e explosivos de seus estados de origem, e tentaram provocar explosões no Aeroporto de Brasília e na central elétrica da cidade de Taguatinga, principal polo comercial do Distrito Federal, para tentar pressionar um golpe de Estado. O plano deu errado, e os três foram presos.
Confira as fotos das patrulhas de militares no acampamento:
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