Na próxima segunda-feira (8) completa um ano de um momento histórico do Brasil: a tentativa de golpe de Estado realizada em Brasília no início de 2023. Na ocasião, manifestantes que pediam intervenção das Forças Armadas contra o governo do presidente eleito democraticamente, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), invadiram as sedes dos Três Poderes.
A tentativa de golpe fracassou, com a prisão de bolsonaristas e a abertura de milhares de processos na Justiça brasileira. Um ano depois, o Poder Judiciário ainda julga os acusados de agir contra o Estado Democrático de Direito. As investigações sobre os financiadores e autores intelectuais também seguem.
O Congresso Nacional deve realizar um evento na segunda-feira (8) para lembrar a data. O ato contará com a presença dos presidentes dos Três Poderes: Lula, como presidente da República, ministro Luís Roberto Barroso, como presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), e senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), como presidente do Congresso. Eles devem reforçar a mensagem de que a democracia segue forte no Brasil.
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A união dos Três Poderes também foi realizada no dia seguinte ao 8 de Janeiro, com uma “Nota em Defesa da Democracia”, assinada pelos representantes de cada instituição. Na época, os prédios ainda estavam destruídos, as autoridades ainda lidavam com as consequências da tentativa de golpe e as imagens deixadas pelos atos.
Senadores da oposição no Senado, no entanto, soltaram uma nota conjunta criticando a realização do evento. Também criticam os inquéritos sobre os atos golpistas conduzidos pelo STF.
“Desta forma, ressaltamos que a prática de atos excepcionais por um Poder com a justificativa de proteger a democracia precisa ser urgentemente estancada”, diz a nota assinada por 30 senadores. “O abuso dos poderes e o uso indevido de interpretações de dispositivos constitucionais pode matar a democracia. A volta à normalidade democrática não pode mais esperar.”
PublicidadeOs senadores signatários fazem parte dos partidos: PL, PP, Republicanos, Novo, PSDB, Podemos, União Brasil e PSD. Leia aqui a íntegra do documento.
A tentativa de golpe
Veja abaixo uma linha do tempo e fotos da tentativa de golpe em Brasília:
Na tarde de 8 de janeiro de 2023, um grupo de bolsonaristas que estavam acampados no Quartel General do Exército em Brasília deixou o acampamento e se dirigiu para a Praça dos Três Poderes. Com facilidade, o grupo invadiu e depredou o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal.
Os ataques foram o estopim de um movimento que contestava e tentava deslegitimar o resultado das eleições de 2022, que consagrou Lula como presidente da República pela terceira vez desde o início dos anos 2000.
A vitória do petista nas urnas deixou parte dos apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) inconformada. Com isso, muitos foram até quartéis do Exército para pedir intervenção militar no Brasil. A ação inconstitucional não surtiu efeito e os bolsonaristas passaram a acampar em quartéis, pedindo uma ação das Forças Armadas.
O Partido Liberal, de Bolsonaro, chegou a tentar invalidar os votos que deram vitória a Lula no segundo turno das eleições. No entanto, a tentativa não surtiu efeito. Ações de bolsonaristas continuaram e tiveram seu primeiro grande pico de violência em 12 de dezembro de 2022, com a tentativa de invadir a sede da PF. A data marcou a diplomação de Lula como o próximo presidente da República.
Outro pico de violência ligada à contestação do resultado eleitoral se deu em 24 de dezembro de 2022. Na véspera do Natal, autoridades pararam a tentativa de explosão no Aeroporto de Brasília.
Os acampamentos bolsonaristas continuaram na frente dos quartéis, principalmente em Brasília. No entanto, a posse presidencial de Lula foi realizada com segurança e tranquilidade.
Com uma manifestação marcada para 8 de janeiro, os dias anteriores foram marcados pela chegada de ônibus com bolsonaristas de diversos estados brasileiros. Nas redes sociais, os atos eram apelidados de “Festa da Selma” e indicavam a Esplanada dos Ministérios como foco para a manifestação.
Em 8 de janeiro, cartazes pediam intervenção das Forças Armadas. No início da tarde, os bolsonaristas se dirigem para a Praça dos Três Poderes. Foram escoltados pela PM de Brasília até certo ponto – manifestações pacíficas eram liberadas -, mas encontraram pouca resistência quando a violência escalou.
O Congresso Nacional foi o primeiro a ser invadido. O exterior do prédio histórico é vandalizado primeiro. Os golpistas chegam ao plenário do Senado e o ocupam. Ao mesmo tempo, parte da multidão ocupa a fachada.
Em seguida, foi a vez do Palácio do Planalto. O presidente Lula não estava no local, nem no Palácio do Alvorada, sua residência oficial. Havia viajado para São Paulo para acompanhar ações da Defesa Civil por causa das chuvas. Ainda assim, bolsonaristas invadiram o Planalto e o vandalizaram, a exemplo do que foi feito no Congresso.
O último prédio a ser invadido foi a sede do STF. Alvo preferencial de bolsonaristas, o Supremo foi depredado por centenas de pessoas, com destruição do plenário e dos gabinetes dos ministros, principalmente Alexandre de Moraes.
É depois da invasão ao STF que manifestantes são presos pela Polícia Militar do Distrito Federal. O presidente Lula também decreta intervenção federal na capital do país.
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