Principal alvo do penúltimo debate entre os presidenciáveis antes do primeiro turno, o candidato Jair Bolsonaro (PSL) criticou, na manhã desta segunda-feira (1º), a postura de seus concorrentes durante o programa da Record TV, exibido na noite desse domingo (30).
“Em minha presença, evitaram fazer perguntas a mim e me trataram com cordialidade. Na minha ausência, forçada por orientação médica pois tomei uma facada de um militante de esquerda, não param de falar meu nome e mentiras a meu respeito. Covardia ou cinismo? Bom dia a todos!”, escreveu Bolsonaro no Twitter.
Durante o debate o candidato do PSL foi associado por seus adversários à imagem do presidenciável que dissemina o discurso do ódio e desrespeita as mulheres e minorias sociais. Os protestos da campanha #EleNão, que tomaram conta de centenas de cidades no Brasil e no exterior, foram lembrados pelos participantes como sinal do crescimento da rejeição às ideias do deputado fluminense.
Marina Silva (Rede) ironizou Bolsonaro ao destacar a frase dita por ele, em entrevista a José Luiz Datena, de que não aceitará outro resultado que não a sua vitória nas urnas. “Com essa frase, ele desrespeita também a Constituição, o jogo democrático, desrespeita a todos. Para mim, o Bolsonaro fala muito grosso, mas tem momentos em que ele amarela. Isso são palavras de quem já está com medo da derrota”, criticou a candidata. “Ele vem sendo desconstruído pelos seus próprios atos”, acrescentou.
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“Nada para fazer”
Em entrevista ao site do Globo nesse domingo, Bolsonaro tentou diminuir o mal-estar provocado pela própria declaração: “Sei que não tenho nada para fazer [em caso de derrota]. O que quis dizer é que não iria, por exemplo, ligar para o Fernando Haddad depois e cumprimentá-lo por uma vitória”, afirmou. “Se tiver segundo turno, vai ser o Haddad que vamos enfrentar”, ressaltou.
Durante o programa desse domingo, Ciro Gomes (PDT) sugeriu que Bolsonaro fugia das discussões na reta final da campanha. O pedetista disse que participou de debate promovido pelo SBT, em parceria com o UOL e a Folha de S.Paulo, horas após deixar o hospital na semana passada, “com uma sonda perdurada na perna”.
Ciro passou uma noite internado, de terça para quarta-feira, com problema na próstata. Bolsonaro convalesce de duas cirurgias e 23 dias de pós-operatório feitos no hospital Albert Einstein, em São Paulo, e afirma que cumpre recomendações médicas para não ir a debates.
Henrique Meirelles (MDB) disse que o candidato do PSL “não gosta do Bolsa Família”. “E o vice dele quer acabar com 13º e o adicional de férias. O Paulo Guedes, que ele escolheu para a gestão da economia, quer recriar a CPMF [Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira]”, provocou.
Geraldo Alckmin (PSDB) e Guilherme Boulos (Psol) destacaram a participação histórica de mulheres nos protestos de rua contra o candidato do PSL. “Esse sábado foi o início da derrota de Jair Bolsonaro”, disse Boulos.
Alckmin, Ciro e Marina tentaram se apresentar, durante o debate, como as alternativas à polarização entre Bolsonaro e Fernando Haddad (PT) – os dois candidatos mais bem colocados nas pesquisas de intenção de voto. “Nem o radicalismo do Bolsonaro nem o radicalismo do PT, eles não. Estamos juntos para unir o Brasil”, sublinhou o tucano.
Depois de reclamar do comportamento de seus adversários no debate, Bolsonaro voltou ao Twitter para reforçar a imagem de que faz contraponto à política tradicional. “Milhares de obras paradas em todo país atualmente. Assim permanecerá se ministérios e cargos continuarem sendo distribuídos a partidos políticos em troca de apoio ao invés de ocupados por critérios técnicos. Essa é a raiz do problema e nós temos a liberdade necessária para mudar!”
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