Na madrugada da última quinta-feira (11), o vereador de Porto Alegre Matheus Gomes, do Psol, recebeu um e-mail anônimo direcionado com ameaças a ele, a duas vereadoras de Porto Alegre, bem como a jornalistas do Congresso em Foco. O autor, que utilizou um domínio de e-mail criptografado, afirma estar “fechado até o fim com o presidente capitão Jair Bolsonaro” e ser usuário do fórum anônimo 1500chan.
No título, o autor afirma que o e-mail era um recado para Matheus, que é negro, para as vereadoras trans Erika Hilton, de São Paulo, e Natasha Ferreira, de Poro Alegre. “Façam como a bicha da Erica Malunguinho [deputada estadual paulista trans] que abandonou a carreira política com medo de nós. Se vocês dois não abandonarem a vida pública agente [sic] vamos [sic] matar vocês com uma bomba. Vamos explodir suas casas e estraçalhar suas corpas [sic] transvestigênere [sic] em 1000 pedaços”, escreveu.
O autor afirma que a motivação para enviar o e-mail se deu por conta da denúncia enviada pelas vereadoras ao Ministério Público Federal diante das falas do presidente Jair Bolsonaro ao Flow Podcast, em que, em tom de chacota, tentou associar a comunidade LGBTI+ à varíola do macaco. “Vocês LGBT são lixo social, inimigos da família, inimigos de deus, transmissores de Aids e varíola do macaco, e devem ser exterminados”, atacou o responsável pelo e-mail.
As ameaças também são voltadas contra o Congresso em Foco. “Depois de acabar com vocês dois [Erika e Natasha] a gente vai matar os jornalistas do site Congresso em Foco que acabaram com nosso esquema de fake news nas eleições”, diz a mensagem, cujo autor se identifica como integrante do “1500chan”, fórum anônimo em que, conforme revelou este site, usuários discutem táticas para a produção, comercialização e divulgação de notícias falsas em favor do presidente Jair Bolsonaro.
Matheus Gomes disse ao Congresso em Foco que fará o registro do boletim de ocorrência ainda nesta terça-feira (16). “Já enfrentamos desde o início do mandato mais de uma dezena de ameaças de morte. É sempre ruim, a gente fica preocupado com nossa atividade política, ainda mais às vésperas de uma eleição”, relatou. No pleito de 2022, o vereador concorre a deputado estadual.
PublicidadeAmeaças do mesmo tipo foram enviadas a outras lideranças do chamado campo progressista nas últimas semanas. A vereadora Duda Salabert, do PDT de Belo Horizonte, a líder do Psol na Câmara, Sâmia Bomfim (Psol-SP), e a ex-deputada Manuela D’Ávila, do PCdoB do Rio Grande do Sul, também receberam e-mails com o mesmo teor ao longo dos meses de julho e agosto.
Em todos os casos, foi dada a ordem para que abandonassem a política. Matheus Gomes considera que o combate à esta forma de violência requer um esforço organizado por parte de instituições e atores políticos para ser combatida. “Precisamos transformar essa situação de agressividade e de violência em organização e preparação para que a gente supere isso nos próximos meses”, declarou.
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