O número de manifestações contra o governo de Jair Bolsonaro, como que a ocorreu no último sábado (2), deve aumentar à medida que o país se aproxima da eleição presidencial de 2022. A expectativa predomina entre parlamentares de centro-direita e esquerda ouvidos pelos Congresso em Foco. A manifestação deste sábado foi a sexta realizada neste ano.
Na avaliação destes parlamentares os próximos meses serão marcados por um crescimento acentuado no barulho das ruas. Como consequências, eles entendem que haverá reflexos nas próximas pesquisas eleitorais. Nas últimas pesquisas – Datafolha e Ipec (ex-Ibope) o presidente Bolsonaro amargava índices recordes de brasileiros que consideraram o seu governo ruim ou péssimo. Em 21 de setembro, quando foi divulgada a última pesquisa Datafolha, por exemplo, este percentual chegou a 53%.
“Com a contínua queda de popularidade de Bolsonaro, a tendência é que a pressão pelo impeachment na sociedade aumente, e as manifestações fiquem cada vez mais cheias”, disse o líder da oposição na Câmara, Alessandro Molon (PSB-RJ).
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O consultor legislativo do Senado Luiz Alberto dos Santos também concorda com o líder e prevê intensificação do povo nas ruas.
“Os atos da oposição têm aumentado seu público, até porque há mais gente vacinada e que pode sair às ruas. Reduziu-se o medo do contágio, o que favorece a mobilização. Assim, o crescimento de Lula nas pesquisas tende a incentivar essa mobilização; e não há mais o que se via antes, que era a timidez da esquerda em participar de atos. Com a aproximação da campanha eleitoral, isso vai se intensificar ainda mais”, afirmou Santos.
Um ponto levantado pelos entrevistados diz respeito à ausência do ex-presidente Lula em todas as seis manifestações lideradas pela oposição neste ano. A leitura feita é de que o ex-presidente tem evitado comparecer aos atos para não ser acusado – como Bolsonaro foi – de fazer campanha eleitoral antecipada, algo considerado crime pela justiça eleitoral.
Para Alberto, o petista já possui uma simbologia que é subtendida à sua ausência. “Ele não precisa estar presente para que as bandeiras do PT e da esquerda estejam presentes. Lula irá apoiar as causas sociais, democracia, inclusão, igualdade, combate à pobreza, mais emprego, comida na mesa, vacina etc. A simbologia de Lula substitui a sua eventual ausência física”, declarou.
Aliados do ex-presidente também afirmam que Lula está à espera do momento “certo” para participar das manifestações.
“Lula sempre esteve presente, não dá pra dizer que ele não participou. Ainda vai ter o momento certo onde ele vai também estar presente no ato em si”, disse Bohn Gass (PT-RS).
O mesmo também foi avaliado pelo vice do PSL na Câmara, Júnior Bozzella (SP): “Não tenho como afirmar qual é o motivo da ausência do Lula, mas tudo indica que ele está esperando o melhor momento pra entrar em campo”.
Convocados em 251 cidades, as manifestações pelo impeachment do presidente Bolsonaro foram apoiadas por ao menos 21 partidos. De linhas ideológicas diferentes, Molon e Bozzella entraram em um consenso sobre a participação de novas legendas.
Eles afirmaram ao Congresso em Foco que esta união é mais um passo para o processo de abertura de impeachment contra Bolsonaro.
“Acredito que cada vez mais partidos têm claro que precisam estar do lado oposto ao de Bolsonaro. A rejeição a Bolsonaro cresce continuamente. Assim, a tendência é que cada vez mais partidos aderem à luta pelo impeachment de Bolsonaro”, disse Alessandro Molon.
Apesar de terem declarado apoio e, até mesmo enviado vídeos, presidenciáveis de outras siglas como do MDB, PSDB, Cidadania e Novo não participaram dos atos deste sábado. Eles tinham, entretanto, ido às manifestações ocorridas em setembro e organizadas pelo MBL. O PT e o Psol não participaram daqueles protestos sob alegação de o que movimento encabeçou as manifestações pela destituição da presidente Dilma Rousseff.
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