Não passou desapercebido o seminário “Um novo rumo para o Brasil”, promovido pelos partidos Cidadania, Democratas, MDB e PSDB. Sobretudo, porque a mesa de abertura contou com a participação do ex-presidente do STF e ex-ministro Nelson Jobim, e dos ex-presidentes da República Fernando Henrique Cardoso, José Sarney e Michel Temer, que em uníssono defenderam a democracia brasileira, a Constituição e as instituições republicanas em contraposição a setores que imaginam uma virada de mesa.
Foi quase uma ousadia a organização do seminário em tempos de redes sociais. A nova cultura social e política instalada com a revolução da internet e suas redes leva as pessoas a se expressarem em 280 toques do Twitter ou em gravações de 30 segundos no Youtube, Facebook, TikTok ou Instagram e implica em imensa dificuldade para a discussão de temas complexos de forma profunda, exigindo formulação qualificada de diagnósticos e alternativas.
Foram nove mesas temáticas de altíssimo nível que contaram com palestrantes como Roberto Brant, Ricardo Paes e Barros, Raul Jungmann, Sérgio Besserman, Milton Seligman, Luiz Santini, Marta Suplicy e Rubens Barbosa, e debatedores do mesmo quilate como Zeina Latif, José Roberto Afonso, Bernardo Appy, Ricardo Henriques, Cristovam Buarque, José Carlos Carvalho, André Medici, Januário Montone, Luiz Mott, Marcos Caramuru, William Wack, Aloísio Nunes, Mandetta, entre outros.
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Num país historicamente marcado pela discussão em torno de líderes carismáticos, personagens individuais, predicados e atributos pessoais dos que disputam o poder, debater ideias não é nada fácil.
E ficou cristalino que a construção de uma alternativa do polo democrático não é mero capricho político ou manifestação de idiossincrasias pessoais contra outros candidatos, mas o preenchimento necessário de um espaço que encontra eco na sociedade.
Na política, uma alternativa que não namore com aventuras autoritárias, golpes, controles da imprensa, elogios a ditaduras ou ameaça às instituições. Na economia, uma posição que encontre um equilíbrio entre a visão ingênua de deixar tudo com o mercado, mas que também calibre corretamente o papel do Estado, os estímulos ao crescimento econômico e à distribuição de renda sem comprometer a responsabilidade fiscal. Na educação, uma proposta que se contraponha a ideologização da escola, mas também supere o corporativismo, promovendo a qualidade, a avaliação e novas formas de organização da política educacional. Na saúde, a modernização do SUS e a construção de parcerias para bem atender a população.
Na segurança, nem a lógica da violência estatal desmedida, onde “bandido bom é bandido morto” e “vamos armar a população”, mas que não se perca na defesa vazia de teses que fragilizam o combate ao crime organizado. No meio ambiente, a superação da armadilha da contraposição mecânica entre crescimento econômico e defesa ambiental, construindo uma visão moderna e contemporânea de desenvolvimento sustentável. Também uma postura que seja eficiente no combate às desigualdades e à discriminação às mulheres, aos negros, à comunidade LGBT+ e religiosa. Nas relações externas, nem o alinhamento ideológico às “teses trumpistas” e nem um terceiro-mundismo fora de época.
Como se vê, uma terceira via é muito mais que um desejo, é uma necessidade histórica.
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