Na eleição presidencial que se projeta como a mais concorrida da história recente do país, o presidente Jair Bolsonaro (PL) lidera com folga as doações de pessoas físicas. Enquanto o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) declarou ter recebido R$ 1,4 milhão nessa modalidade, Bolsonaro informou à Justiça eleitoral ter recebido R$ 71 milhões, ou seja, 50 vezes mais.
Quase um terço do valor doado por pessoas físicas ao atual presidente vieram de apenas 50 financiadores (veja a lista mais abaixo): mais de R$ 22,3 milhões. Esse seleto grupo transferiu de R$ 130 mil a R$ 3 milhões ao candidato à reeleição. Pelo menos 33 deles têm como principal atividade o agronegócio. Ao menos dez estão sediados em Mato Grosso.
Bola de Neve
A maior doação, no entanto, foi feita por um advogado mineiro, Fabiano Campos Zettel, pastor da Igreja Bola de Neve em Belo Horizonte. Além dos R$ 3 milhões para Bolsonaro, ele doou R$ 2 milhões para a campanha de Tarcísio de Freitas (Republicanos) ao governo de São Paulo. Ambas foram feitas no segundo turno. Os dados são públicos e estão registrados na página do TSE (pesquise os doadores pelo nome).
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No primeiro, Zettel havia transferido R$ 10 mil para o deputado Lucas Gonzalez (Novo-MG), que não conseguiu se reeleger. Com os R$ 5,01 milhões, o pastor tornou-se o quarto maior financiador eleitoral em todo o Brasil este ano.
Sócio de um escritório de advocacia em Belo Horizonte e em São Paulo, Zettel atua nas áreas societária e de fusões e aquisições. Também é investidor em projetos imobiliários e em uma empresa de mineração.
Veja os dados sobre doações feitas por Fabiano Zettel na página do TSE:
Criada em São Paulo na década de 1990 por surfistas, a igreja do pastor é conhecida por manter no altar uma prancha de surf que serve como púlpito. Diferentemente de outros líderes evangélicos, ele ostenta tatuagens nos braços. Segundo sua assessoria, o impulso financeiro dado por ele a Bolsonaro se deve à defesa de valores tradicionais feita pelo atual presidente.
Localiza
Três sócios da Localiza Aluguel de Carros doaram, juntos, outros R$ 3 milhões a Bolsonaro. De acordo com os registros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), R$ 1,8 milhão foram repassados pelo presidente da empresa, José Salim Mattar. Os seus sócios Antônio Cláudio Brandão e Flávio Brandão doaram R$ 1 milhão cada.
Salim Mattar, que foi secretário de Desestatização do governo Bolsonaro, é o terceiro maior financiador eleitoral este ano. O segundo maior financiador do presidente. Ele já destinou R$ 6,12 milhões a diversos candidatos, sobretudo do partido Novo. Entre os financiadores gerais, ele fica atrás apenas de Rubens Ometto, dono do grupo Cosan, e Alexandre Grendene, da fábrica de calçados que leva o seu sobrenome.
Grendene e Amaggi
Grendene e o irmão Pedro doaram R$ 1 milhão cada a Bolsonaro. Os dois são fundadores do Grupo Grendene, que fabrica, entre outros produtos, as sandálias Melissa, Rider e Ipanema. Juntos, os dois repassaram R$ 11 milhões a campanhas eleitorais este ano.
Atrás de Zettel e Mattar, Hugo de Carvalho Ribeiro é o terceiro maior doador de Bolsonaro. O empresário é sócio do grupo Amaggi, liderado por seu cunhado, o ex-senador e ex-ministro Blairo Maggi, que é amigo pessoal e apoiador do ex-presidente Lula. Carvalho repassou R$ 1,2 milhão ao candidato à reeleição.
Criado em Mato Grosso, a multinacional está instalada em sete países. Além da trading, a companhia tem ramificação nas áreas de sementes, transporte fluvial, beneficiamento de soja, geração de energia e na área financeira.
Veja a relação dos 50 maiores financiadores de Bolsonaro, com os nomes dos seus respectivos grupos empresariais. Levantamento atualizado em 19 de outubro de 2022:
* Colaboraram Vinicius Lucas e Thiago Freitas
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