por Luiz Carlos Piriquito*
O Brasil das praias, do futebol, das paisagens naturais do cerrado, do samba, da música baiana, do forró e do frevo também é o maior país católico do mundo. Os brasileiros representam 10% da população católica do globo, com quase 108,5 milhões de fiéis. Quase nove em cada dez brasileiros dizem, por exemplo, acreditar em Deus, segundo a pesquisa Global Religion 2023, produzida pelo instituto Ipsos.
O índice de 89% de crença em um poder superior coloca o Brasil no topo do ranking de 26 países elaborado pelo Ipsos, com base em uma plataforma online de monitoramento que coleta informações sobre o comportamento destas populações. Esses números expressivos representam não apenas a fé das pessoas, mas são uma força motriz importante para movimentar a economia nacional.
Nenhuma cidade brasileira sintetiza esse poder de atração com tanta fidelidade como Aparecida. Lá encontra-se a Basílica de Aparecida, símbolo de atração para peregrinos e devotos de Nossa Senhora, que vão até lá depositar suas esperanças e dádivas, agradecer pelas bênçãos recebidas e renovar a força no catolicismo e a crença irrestrita na Padroeira do Brasil.
Ainda assim, Aparecida fica relegada a um papel secundário em relação a outras cidades mais publicizadas do país, como Rio de Janeiro, Salvador, Recife e São Paulo. O que é uma injustiça diante de uma cidade que recebe, anualmente, de 12 a 13 milhões de turistas, a maioria brasileiros.
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Para se ter uma ideia, o número de turistas que visitam Aparecida todo ano equivale ao número de habitantes da cidade de São Paulo, o dobro da população do Rio de Janeiro, quatro vezes a população de Salvador e seis vezes o número de habitantes de Belo Horizonte. São números que não podem ser desconsiderados em nenhuma política de turismo nacional desenvolvida pelo governo federal ou pelo governo de São Paulo.
Aparecida também apresenta performance impressionante se comparada a outros grandes pontos turísticos de renome internacional. A cidade recebe mais turistas que a Torre Eiffel (8 milhões) e mais que o dobro que o Vaticano – símbolo maior do catolicismo mundial, que é visitado por cinco milhões de pessoas todo ano.
Para se ter dimensão dessa força, no primeiro ano pós-pandemia, 2022, a cidade paulista recebeu 8 milhões de visitantes, um número igual ao do principal cartão-postal francês em anos normais de movimento
Esse magnetismo que a cidade exerce no imaginário popular será mais uma vez comprovado no dia 8 de junho, feriado de Corpus Christi. Os peregrinos e devotos vão impactar a vida dos 36 mil aparecidenses, movimentando a economia local. Eles rezam e expõem a fé na Basílica, mas comem nos restaurantes, se hospedam nos hotéis, frequentam a feira de artesanato e garantem o sustento de milhares de comerciantes que sobrevivem do poderoso turismo religioso. Prova disso é que, nos anos duros da pandemia, com a diminuição drástica do movimento na cidade, o índice de desemprego local chegou a impressionantes 70% da população.
Numa das passagens mais marcantes do Evangelho, descobrimos que a Fé remove montanhas. No caso de Aparecida, ela movimenta uma economia gigantesca que gera emprego e renda para milhares de pessoas. E que, por isso, merece um olhar mais atento e investimentos mais presentes para que essa engrenagem continue gerando prosperidade aos aparecidenses e conforto e segurança para os peregrinos.
* Luiz Carlos Piriquito (Podemos-SP) é prefeito de Aparecida do Norte.
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