O porta-voz do Ministério de Relações Exteriores de Israel, Lior Haiat, afirmou a um pequeno grupo de jornalistas sul-americanos nesta semana que, no entendimento do governo israelense, países e organizações que não classificam o Hamas como organização terrorista, como é o caso do Brasil, apoiam o grupo extremista.
Desde o último dia 7, quando o grupo Hamas atacou Israel, mais de 4 mil pessoas foram assassinadas. A maioria do lado palestino. De acordo com dados divulgados pelas autoridades dos dois lados, 2.778 palestinos e 1.400 já morreram no conflito em pouco mais de uma semana. Há registros de 10 mil feridos. “Nesta guerra só há um lado. Quem não condena o terrorismo apoia o Hamas”, afirmou o porta-voz israelense aos jornalistas.
O Congresso em Foco também procurou autoridades palestinas para comentar o assunto.
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Lior Haiat falou em uma conferência por vídeo juntamente com Roni Kaplan, porta-voz do grupo de reservistas do IDF (Israel Defense Forces). Nesta segunda-feira (16), o PT, partido do presidente Lula, aprovou resolução em que condena os ataques do Hamas contra civis, ao mesmo tempo em que acusa Israel de cometer genocídio contra a população de Gaza. O partido, contudo, não classifica o Hamas como grupo terrorista, na mesma linha seguida pelo governo brasileiro e pela Organização das Nações Unidas (ONU).
“Israel está numa guerra em que nós fomos forçados a entrar em uma organização terrorista. Queimaram pessoas vivas, assassinaram gente nas suas próprias casas, coisa que nós, os seres humanos, não conseguimos entender. Estamos falando de uma organização terrorista que mata em nome de Deus”, afirmou Haiat.
Na última sexta-feira, o Itamaraty divulgou nota explicando por que o governo brasileiro não chama o Hamas de terrorista. Segundo o ministério, o Brasil segue as determinações do Conselho de Segurança das Nações Unidas, que tem suas listas de indivíduos e organizações consideradas terroristas — e nas quais o Hamas não está incluído. O Brasil está em uma das dez vagas não-permanentes do Conselho de Segurança. Hoje, ocupa também a presidência rotativa do conselho, em um mandato que começou em outubro e vai até o final do ano.
A presidente nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR), divulgou nota nesse domingo (15) sintetizando o posicionamento da legenda a respeito da guerra no Oriente Médio. Segundo a nota, a sigla entende que não pode chamar o Hamas de “organização terrorista” porque esse tipo de classificação cabe à ONU.
O governo de Israel não entrou em detalhes sobre a retirada de civis que estão em Israel e na Faixa de Gaza, em meio ao conflito com o Hamas. O Brasil tenta acordo para a retirada de um grupo que está na fronteira com o Egito. Segundo Roni Kaplan, o governo de Israel está fazendo esforços para a saída de palestinos e outros cidadãos da região, mas o Hamas está inibindo o deslocamento de palestinos.
“O Hamas está cometendo duplo crime de guerra, ao atacar civis israelenses e utilizar civis da Faixa de Gaza como escudo humano”, afirmou.
Familiares conversaram com jornalistas
Da conferência também participaram familiares de pessoas que foram sequestradas pelo Hamas no primeiro dia de ataques. Segundo Roni Kaplan, são 199 pessoas sequestradas pelo Hamas. O governo de Israel não tem informações sobre o estado de saúde das pessoas sequestradas.
A localização e os nomes completos dos familiares foram mantidos em sigilo pelo governo de Israel por questões de segurança, mas alguns aceitaram contar de onde estavam falando. Foi o caso de Ricardo Richener, que mora na Argentina e é tio de um dos jovens sequestrados pelo Hamas durante a festa rave Universo Paralello. Três brasileiros foram assassinados pelo Hamas no local.
“Meu sobrinho é doente e precisa de medicamentos. Não sabemos nem se estão medicando ele. Vamos ser humanos e devolver todos os sequestrados”, apelou o tio da vítima.
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