A Executiva Nacional do Partido dos Trabalhadores (PT) destoou do tom cauteloso do governo Lula e tratou como reeleito, em nota, o presidente Nicolás Maduro, da Venezuela. O Brasil ainda não reconheceu a vitória de Maduro, reconhecida pelo Conselho Eleitoral mas contestada pela oposição e por diversos governos. O assessor especial da Presidência para Assuntos Internacionais, o ex-ministro Celso Amorim, esteve reunido com o presidente venezuelano em Caracas nessa segunda-feira. O ex-chanceler disse ao líder venezuelano que o Brasil aguarda a apresentação integral dos boletins eleitorais para se pronunciar. Maduro atribuiu a um “ataque hacker” a demora na divulgação desses dados.
Caracas registrou uma série de protestos na última madrugada contra a proclamação do resultado eleitoral. Maduro já foi diplomado para um novo mandato de seis anos, o que poderá lhe render 17 anos no comando do país.
Em comunicado, a Executiva Nacional defendeu que Maduro dialogue com a oposição “no sentido de superar os graves problemas da Venezuela, em grande medida causados por sanções ilegais”. Veja a nota do PT:
“O PT saúda o povo venezuelano pelo processo eleitoral ocorrido no domingo, dia 28 de julho de 2024, em uma jornada pacífica, democrática e soberana. Temos a certeza de que o Conselho Nacional Eleitoral, que apontou a vitória do presidente Nicolas Maduro, dará tratamento respeitoso para todos os recursos que receba, nos prazos e nos termos previstos na Constituição da República Bolivariana da Venezuela. Importante que o presidente Nicolas Maduro, agora reeleito, continue o diálogo com a oposição, no sentido de superar os graves problemas da Venezuela, em grande medida causados por sanções ilegais. O PT seguirá vigilante para contribuir, na medida de suas forças, para que os problemas da América Latina e Caribe sejam tratados pelos povos da nossa região, sem nenhum tipo de violência e ingerência externa”.
Vice-líder do governo, o deputado petista Reginaldo Lopes (MG) acusou Maduro de ter “postura de ditador”. “Um governo verdadeiramente democrático convive com críticas, questionamentos e oposição organizada. A atuação de Maduro na Venezuela é a postura de um ditador”, escreveu Reginaldo no X.
O Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela (CNE) anunciou na madrugada de segunda-feira (29) que Nicolás Maduro foi o vencedor das eleições presidenciais com 51,2% dos votos, enquanto Edmundo González, principal candidato da oposição, obteve 44%. De acordo com o órgão, Maduro teve 5,15 milhões de votos, e González, 4,44 milhões. A oposição, no entanto, alegou que González recebeu 70% dos votos, e qualificou o resultado como fraudulento. A União Europeia e países como os Estados Unidos, o Chile, a Argentina e o Peru também questionaram a legitimidade dos resultados divulgados. Maduro determinou a expulsão de embaixadores de sete países que não reconheceram sua reeleição.
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