Simón Bolívar admirava os ideais das revoluções Americana e Francesa. É fato histórico que George Washington e Bolívar tentavam alcançar objetivo similar: a independência de seu povo e o estabelecimento de Estados democráticos. Bolívar era uma pessoa disciplinada e estudiosa. Admirava o homem e os atos de Thomas Jefferson e até enviou um sobrinho para estudar na Universidade da Virgínia, que foi fundada e projetada por Jefferson.
No entanto, Bolívar se diferenciava do pensamento e da filosofia política dos líderes da Revolução nos Estados Unidos em dois pontos: a) não aceitava a escravidão; e b) não acreditava que o sistema de governo americano poderia funcionar na América Latina libertada, pois compreendia a heterogeneidade da sociedade existente nessas terras e povos.
Sabiamente, já entendia que a escravidão feria a dignidade humana e que a maturidade social dos povos existentes na América Hispânica ainda não permitia um sistema de governo nos moldes da cultura estadunidense.
O que ele sonhava para esta América era: liberdade, governo para o povo e integração dos Estados.
Para pensar o Mercosul como uma integração regional envolvendo países da América Latina, faz-se necessário internalizar e praticar o ideário bolivariano, que evidencia a integração dos Estados-membros independentes no intuito de manter a liberdade conquistada e desenvolver um bloco uníssono em interesses maiores dos povos da região.
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É conveniente relembrar que essa integração regional tem sido apontada não só como forma de defesa econômica regional, mas como espaço de desenvolvimento e de inserção competitiva na direção do mercado mundial, que, a cada dia, mostra desequilíbrios mercadológicos e produz assimetrias financeiras.
Nesse cenário, onde o crescimento do capitalismo impulsiona a globalização e cria uma realidade econômica caracterizada pelo aumento do volume e da velocidade dos fluxos financeiros internacionais, é que o Mercosul deve investir em boas relações político-mercadológicas entre os países membros, minimizando ao máximo os imbróglios aduaneiros e facilitando a livre circulação dos cidadãos mercossulinos, fazendo valer os conceitos de Mercado Comum.
O diálogo mercossulino deve ser fortalecido pelas vozes dos parlamentos dos países signatários e isso certamente incrementará a relação entre os poderes executivos dos Estados-membros. Nesse caso, o parlamento do Mercosul tem fundamental importância para o bloco, uma vez que a política é uma forte agente difusora das práticas democráticas regionais.
Brevemente, os poderes Executivos dospaíses-membros perceberão claramente as necessidades e benefícios que advirão da união e desenvolvimento do Mercosul e atuarão como vetor de aceleração para fazer surgir uma nova ordem, um novo horizonte de desenvolvimento compartilhado entre nações irmãs e que, apesar dos desnivelamentos socioeconômicos, sabem onde querem chegar e, plenamente, compreendem os sonhos, os pensamentos e o legado de Simón Bolívar.
* É deputado federal pelo PRB de Minas Gerais e líder da bancada na Câmara.
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