Apesar do amplo êxodo de empresas estadunidenses e europeias do mercado russo em resposta à invasão na Ucrânia, os principais líderes políticos na Rússia afirmam não temer o impacto das sanções. Em suas redes sociais, os chefes dos maiores partidos da Duma (câmara legislativa russa) defendem que o país siga com o conflito ao invés de ceder aos boicotes econômicos.
Com as sanções, marcas conhecidas mundialmente como McDonald’s, MasterCard e Pepsi se retiram do mercado russo. Para Dmitri Medvedev, presidente do Rússia Unida (partido de Vladimir Putin), as consequências do boicote serão piores para as empresas do que para o país. “Quaisquer que sejam as razões do êxodo, companhias estrangeiras precisam entender que não será fácil voltar ao nosso mercado”, declarou em seu perfil no VK, maior rede social russa. Hoje o partido tem sozinho 336 das 450 cadeiras na Duma.
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Dias antes, Medvedev já havia manifestado que não teme o impacto deixado pelo boicote internacional. “Sanções são um mito, uma ficção, uma figura de linguagem. Eu sou profundamente indiferente a estas restrições amplamente propagadas no exterior. (…) São adotadas por um motivo óbvio. Partem da impotência política que cresce com base na incapacidade de mudar o caminho da Rússia”.
Posição semelhante foi manifestada por Gennady Zyuganov, presidente do Partido Comunista da Federação Russa, segunda maior bancada na Duma. “Nos dizem que sanções totais vão deixar a economia russa de joelhos. Eu digo: completa balela”, exclamou no VK. Zyuganov defende que, para deter o impacto das sanções, o governo não deve ceder à comunidade internacional, mas sim interromper a saída de capitais, congelar o preço dos combustíveis e criar programas de créditos sem juros.
Sergey Mironov, líder do Rússia Unida Pela Verdade, terceiro maior da Duma, considera o êxodo de marcas ocidentais como um marco histórico no país. “A abertura de um McDonald’s coincidiu com o colapso da União Soviética e com a perda de sua soberania. (…) Agora é a hora de nos curarmos da infecção ocidental. Temos nossa própria história, nossa própria cultura, nossos próprios caminhos. E agora, é a hora de lembrarmos disso”, relatou.
O quarto maior partido na Duma, o Novo Povo, foi o único a votar contra o reconhecimento das repúblicas separatistas de Lugansk e Donetsk, ato que deu início à guerra. Mesmo seu líder, Alexey Nechayev, segue sem condenar a invasão. Em seu lugar, utiliza o pretexto das sanções para defender a agenda econômica de seu partido. “Alguns políticos estão tentados a praticar uma economia planificada. (…) Mas nós defendemos uma Nova Política Econômica”, disse, referindo-se ao modelo de abertura de capital aplicado nos primeiros anos da União Soviética.
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