Um dos mais sérios problemas enfrentados pela humanidade é aquele, já histórico, das chacinas que periodicamente ocorrem em escolas. Trata-se de uma questão particularmente aguda nos EUA – porém, superior às fronteiras nacionais. Enfrentar este desafio é dever da civilização.
Não faz muito tempo fiquei a meditar sobre um dos caminhos adotados, qual aquele da formação de uma “cultura de segurança”. Em diversas escolas dos EUA, por exemplo, incorporaram à rotina das crianças as revistas manuais e os detectores de metal. Assim, passaram a ser normais longas filas na entrada das escolas.
O passo seguinte foi adotar como rotina a realização de treinamentos especiais por parte das crianças que nelas estudam. Elas aprendem a reagir corretamente diante de cada cenário provável.
Entraram em cena, então, dentro desta cultura, mochilas e roupas à prova de bala. A criança aprende a ir para a escola como se lá a aguardasse um campo de batalha, eis a verdade.
Por falar em guerra não nos esqueçamos dos professores. Por este mundo afora já começam a receber treinamento sobre o uso de armas – e muitos já podem portá-las ostensivamente em plena sala de aula.
Leia também
O que, ao fim do cabo, estamos ensinando às crianças? Será esta a solução do problema?
PublicidadeHá coisa de uns três anos, aproveitando uma viagem de férias, fui assistir a um musical. Uma peça infantil. Seu título: João e Maria. Na plateia, quase que exclusivamente pimpolhos.
A estória era conhecida, qual a do rapto de duas crianças por uma bruxa (no caso escolheu-se um bruxo). O final chocou-me: os dois infantes reagiram e mataram – sim, mataram – a facadas o bruxo. Foi este, ao som de fanfarra, o final apoteótico da peça – aplaudido vivamente pela plateia mirim. O que estamos a ensinar para a geração seguinte?
Lanço agora um olhar aos videogames vendidos em qualquer esquina. Premiam quem matar mais, roubar mais, destruir mais e até estuprar mais. Estimulam do suicídio ao tráfico de drogas. O que estão a ensinar?
Enquanto isso, segue firme a tal da “cultura de segurança”. De qual delas estaria a tratar? Daquela que busca identificar as causas de um problema e agir preventivamente? Ou da que, fruto da omissão mais vil, apenas oprime as pessoas sob o pretexto cínico de proporcionar uma ilusão denominada “sensação de segurança”?
O texto acima expressa a visão de quem o assina, não necessariamente do Congresso em Foco. Se você quer publicar algo sobre o mesmo tema, mas com um diferente ponto de vista, envie sua sugestão de texto para redacao@congressoemfoco.com.br.
Deixe um comentário