O senador Telmário Mota (PROS-RR), que tenta mediar negociações entre o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, e o Estado brasileiro, avalia que as tentativas de reabrir a fronteira com o Brasil – fechada desde 23 de fevereiro, há mais de dois meses – serão prejudicadas com a turbulência no país vizinho. O presidente autoproclamado Juan Guaidó, reconhecido por mais de 50 países, convocou a população às ruas nesta terça-feira (30) contra Maduro.
“Eu acredito que ele [Maduro] não vai abrir. Porque o Brasil não faz nenhum gesto de se tornar neutro com relação à política interna da Venezuela”, avalia o senador, que há menos de duas semanas entregou uma carta de Maduro ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), a quem o mandatário venezuelano pedia ajuda para reatar os laços com o Brasil. Não houve, até o momento, resposta ao documento.
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Em entrevista coletiva nesta terça, o chanceler Ernesto Araújo disse esperar que que militares venezuelanos deem apoio à “transição democrática” no país. “Nos parece que é positivo que haja um movimento de militares que reconhecem a constitucionalidade do presidente Juan Guaidó. Cumprem seu dever constitucional de lealdade ao presidente legítimo. Precisamos ver a dimensão disso”, disse o ministro. Uma reunião no Palácio do Planalto foi agendada para esta terça para discutir as ações do governo brasileiro.
Na semana passada, Telmário reuniu-se no lado venezuelano com o embaixador da Venezuela no Brasil (chamado de volta por Maduro em fevereiro), Alberto Castellar, e autoridades de Pacaraima (RR), cidade da fronteira, incluindo o prefeito, Juliano Torquato (PRB-RR).
Roraima
Segundo o senador, a normalização da situação na fronteira é fundamental para o estado de Roraima. “A fronteira fechada traz vários prejuízos. Roraima manda 53% da sua exportação para a Venezuela. E além do apagão [o estado sofre os impactos da interrupção do fornecimento de energia pelo país vizinho], nós estamos isolados”, diz o senador.
Na semana passada, o governador de Roraima, Antônio Denarium (PSL), pediu ao presidente Jair Bolsonaro medidas para acelerar a obra do Linhão de Tucuruí, linha de transmissão de energia com o Amazonas que deve reduzir a dependência de Roraima da energia venezuelana. Segundo Denarium, Bolsonaro prevê iniciar a obra no segundo semestre deste ano.
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