Quem viu no último dia 8 o programa Fantástico, da Rede Globo, com certeza ficou indignado com as revelações do juiz Márlon Reis sobre a corrupção de partidos e políticos nas campanhas eleitorais.
O juiz Márlon é especialista no tema da corrupção na política e está divulgando em todo o Brasil o seu mais novo e polêmico livro, O nobre deputado. Embora se deva ressaltar que o livro é uma obra de ficção e que o deputado retratado não existe de verdade, Márlon Reis usou todo o seu conhecimento de especialista no processo eleitoral brasileiro para denunciar à sociedade os truques mais comuns que os políticos usam para burlar a lei eleitoral. Com o livro, o juiz espera uma mobilização maior dos cidadãos para o aprimoramento do processo, que possui muitas falhas.
Na reportagem, o juiz Márlon foi um dos entrevistados sobre o tema da corrupção eleitoral, além de Carlos Velloso, ex-presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE); Rachel Duarte, promotora de Justiça; e André Bertuol, procurador-geral eleitoral de Santa Catarina.
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Evidentemente, alguns políticos não gostaram do que ouviram e a reação foi a pior possível. Em vez de reconhecer que o sistema é falho e precisa de aperfeiçoamentos, o presidente da Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves, ameaçou entrar com uma representação contra o juiz Márlon Reis no Conselho Nacional de Justiça (CNJ). A alegação é que o livro citado “mancha a imagem do Parlamento”. Esqueceram só de avisar ao nobre deputado que a imagem do Congresso já está bem manchada e que a sociedade já não admite mais esse tipo de político. Parece até aquela história antiga: se o mensageiro traz uma notícia ruim para o imperador, que se mate o mensageiro!
Pois diversas organizações da sociedade civil divulgaram esta semana manifestos de apoio ao juiz Márlon Reis contra mais essa “bola fora” dos nossos congressistas. Uma delas, a organização Amarribo Brasil, afirma que o juiz “retrata, com objetividade cristalina e coragem pessoal, a realidade do que se passa nos bastidores da política brasileira”, e faz questão de lembrar que hoje praticamente a metade dos parlamentares responde a inquérito ou ação penal no Supremo.
Outra organização, o Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE), também soltou nota de apoio ao juiz Márlon.
Como se pode ver, ainda há muito o que se fazer contra a corrupção, especialmente em nosso sistema político. Vale a pena conferir o vídeo e as notas de apoio e refletir sobre o que devemos esperar dos nossos candidatos às eleições de outubro. Mas, acima de tudo, precisamos compreender que o processo eleitoral não é o fim em si mesmo da cidadania política, mas apenas o meio pelo qual ela exerce sua participação.
Depois de eleitos os mandatários, nós, os mandantes, precisamos fiscalizar e cobrar transparência ao longo de todo o mandato. Essa é a regra básica de todo cidadão mais consciente e atuante!
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