A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, divulgou nota após a demissão de Silvio Almeida, exonerado do cargo pelo presidente Lula nesta sexta-feira (6), após ser acusado de assediar sexualmente a colega e outras mulheres. No comunicado, Anielle fez agradecimento a Lula pela “ação contundente” e a todas que a apoiaram, pediu respeito à sua privacidade e afirmou que colaborará com as investigações. Sem citar o nome de Silvio, ela criticou “tentativas de culpabilizar, desqualificar, constranger, ou pressionar vítimas a falar em momentos de dor e vulnerabilidade”.
Anielle já havia relatado aos ministros Ricardo Lewandowski (Justiça), Vinicius de Carvalho (CGU), Jorge Messias (AGU), Esther Dweck (Gestão e Inovação) e Cida Gonçalves (Mulher) que foi vítima de importunação sexual por parte de Silvio. Segundo o relato feito pela ministra, ele passou a mão entre as pernas dela, por baixo da mesa, durante uma reunião de trabalho.
Na nota, a ministra da Igualdade Racial reafirmou o compromisso no combate a qualquer tipo de violência. Antes do anúncio oficial, Anielle recebeu apoio de movimentos negros, integrantes do governo e do Congresso. A primeira dama, Janja, também mostrou solidariedade à ministra publicando uma foto nas redes sociais.
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Veja a nota de Anielle:
“Hoje, eu venho aqui como mulher negra, mãe de meninas, filha, irmã, além de ministra de Estado da Igualdade Racial. Eu conheço na pele os desafios de acessar e permanecer em um espaço de poder para construir um país mais justo e menos desigual.
Desde 2018, dedico minha vida para que todas as mulheres e pessoas negras possam estar em qualquer lugar sem serem interrompidas. Não é aceitável relativizar ou diminuir episódios de violência. Reconhecer a gravidade dessa prática e agir mediante é o procedimento correto, por isso ressalto a ação contundente do presidente Lula e agradeço todas as manifestações de apoio e solidariedade que recebi.
PublicidadeTentativas de culpabilizar, desqualificar, constranger, ou pressionar vítimas a falar em momentos de dor e vulnerabilidade também não cabem, pois só alimentam o ciclo de violência. Peço que respeitem meu espaço e meu direito à privacidade. Contribuirei com as apurações sempre que acionada.
Sabemos o quanto mulheres e meninas sofrem todos os dias com assédios e seus trabalhos, nos transportes, nas escolas, dentro de casa. E posso afirmar até aqui que o enfrentamento a toda e qualquer prática de violência é um compromisso permanente deste governo.
Sigo firme nos passos que me trouxeram até aqui, confiante nos valores que me movem e da minha missão de trabalhar por um Brasil justo e seguro para todas as pessoas.”