Em meio à Operação Hefesto, que investiga um desvio de cerca de R$ 8 milhões do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) originalmente destinados à compra de kits de robótica para a rede escolar de Alagoas, a Polícia Federal (PF) localizou anotações de repasses de R$ 265 mil para alguém de nome “Arthur” em meio aos pertences do motorista Wanderson de Jesus, funcionário de um ex-assessor do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL).
Wanderson de Jesus é motorista de Luciano Cavalcante, auxiliar direto de Lira no período em que os desvios do FNDE teriam supostamente acontecido, entre 2019 e 2022. O papel de Cavalcante era justamente o de cuidar da vida financeira do deputado, realizando compras e contratando serviços em seu nome, tanto para fins pessoais quanto familiares. As anotações com repasses financeiros foram encontradas dentro de um veículo que, segundo Wanderson, era de propriedade do ex-assessor.
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O conteúdo das anotações foi vazado pela PF à revista Piauí. Outros nomes também são citados na lista, mas “Arthur” é o que recebe os maiores valores, e foi citado onze vezes. Os registros foram de repasses entre os meses de abril e maio.
Quando acionada pela revista, a assessoria de comunicação de Arthur Lira confirmou ser ele o nome citado, mas negou a origem ilícita. “Toda movimentação financeira e pagamentos de despesas do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, seja realizada por ele e, às vezes, por sua assessoria, tem origem nos seus ganhos como agropecuarista e da remuneração como deputado federal”, afirmam.
Esta não é a primeira vez que o nome de Arthur Lira atrai suspeitas a respeito de recursos do FNDE. Em 2022, o mesmo fundo foi alvo de uma série de desvios que ficaram conhecidos como escândalo das escolas fake, caracterizado pelo uso de recursos por meio das emendas parlamentares de relator, conhecidas como Orçamento Secreto, mecanismo adotado por Lira até o fim do mesmo ano para obter apoio dos demais deputados na Câmara.
O caso ainda é julgado pela justiça de Alagoas, mas já existe movimentação no Supremo Tribunal Federal (STF) para que a Corte avalie a possibilidade de assumir a responsabilidade pelo processo.
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