A operação da Polícia Federal (PF) deflagrada na manhã desta sexta-feira (11) contra aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro investiga um suposto esquema de uso da estrutura do governo federal para a venda indevida de jóias presenteadas ao governo por delegações estrangeiras. O ministro Alexandre de Moraes, responsável pela investigação no Supremo Tribunal Federal (STF), tirou o sigilo da decisão que autorizou a operação.
- quem são os investigados: foram alvos de busca e apreensão o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro; o general Mauro Lourena Cid, pai do tenente-coronel; o tenente Osmar Crivelatti, também ex-ajudante de ordens; e Frederick Wassef, advogado da família Bolsonaro.
- leia aqui a íntegra da decisão de Alexandre de Moraes.
A INVESTIGAÇÃO
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A decisão de Alexandre de Moraes mostra uma série de indícios da Polícia Federal para o esquema de venda ilegal de jóias. O documento cita conversas e fotos coletadas no celular do ajudante de ordens Mauro Cid envolvendo negociações os seguintes objetos:
- Duas estátuas, de um barco e de uma palmeira, folheadas a ouro, presenteadas a Bolsonaro em visita ao Bahrein. Mensagens indicam Mauro Cid e o pai combinando a apresentação dos itens a uma loja especializada em leilões de luxo;
- Um conjunto de jóias presenteados a Bolsonaro na Arábia Saudita, da marca Chopard. A investigação encontrou indícios de que ele foi a leilão nos Estados Unidos, mas ninguém o arrematou.
- Outro conjunto de jóias da Arábia Saudita, este incluindo um relógio da marca Rolex.
- Um relógio da marca Patek-Philippe, que, segundo as investigações, foi vendido nos Estados Unidos junto com outro da marca Rolex incluído no kit anterior. A Polícia Federal, no entanto, não encontrou nenhum registro do Patek-Philippe em documentos, o que sugere que Bolsonaro o recebeu como presente, mas o item não foi registrado.
Com base no que já foi coletado, a Polícia Federal investiga um possível esquema envolvendo o ex-presidente e os alvos da operação. O grupo estaria desviando presentes recebidos por Bolsonaro na atividade de presidente da República para o acervo pessoal do político. Nesta hipótese, os bens foram levados aos Estados Unidos, via avião presidencial, para serem vendidos em lojas especializadas em artigos de luxo.
A decisão do STF cita trechos da investigação da Polícia Federal. Grande parte dos indícios coletados veio da apreensão de aparelhos de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. São citados:
- conversas de Mauro Cid com outros nomes ligados à investigação;
- fotos dos itens negociados. Metadados das imagens permitiram localizar os lugares onde estas foram tiradas – na residência de Mauro Cid em Brasília, por exemplo, ou nos Estados Unidos;
- buscas de Mauro Cid em aplicativos como Waze.
OUTRO LADO
Até as 21h de sexta-feira, nenhum dos alvos da operação da PF se pronunciou publicamente a respeito do caso. O ex-presidente Jair Bolsonaro também não comentou.
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