Em entrevista ao jornal O Globo publicada neste sábado (11), a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, lamentou a aprovação do reajuste dos salários dos juízes. Na última quarta-feira (8), Cármen Lúcia foi um dos quatro votos contra o reajuste de 16,38% nos salários dos ministros do STF. Com a decisão por 7 votos a 4, a remuneração dos ministros do Supremo passará de R$ 33,7 mil para R$ 39,2 mil a partir do ano que vem.
Para ela, os penduricalhos de juízes, como o auxílio-moradia, precisam acabar. “Não pode continuar a haver penduricalhos mesmo, é preciso restabelecer a verdade remuneratória”, disse a ministra, que completou que o julgamento sobre o auxílio-moradia no STF deve ficar “no máximo para a primeira semana de setembro”. “Os juízes estão recebendo auxílio-moradia com base numa decisão liminar de um ministro, Fux, na gestão anterior à minha. São benefícios indevidos, do ponto de vista da igualdade com outras categorias”, afirmou.
Cármen Lúcia deixa a presidência do STF em setembro – que passará a ser ocupada pelo ministro Dias Toffoli. Ela reconhece que a demanda por reajustes nos salários defasados é legítima, mas votou contra dado o momento econômico e fiscal do país. “Eu fui contra devido ao momento do Brasil. Grave do ponto de vista econômico e fiscal, com uma sociedade que está penando muito pelas condições que estamos vivendo, com mais de 13 milhões de desempregados. Então eu acho que, se o sacrifício é de todo mundo, tem de ser nosso também”, afirmou Cármen à jornalista Ruth de Aquino.
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Como este site mostrou, o aumento na remuneração dos ministros gera um “efeito cascata” nas contas de R$ 4 bilhões, considerando o Executivo, Legislativo, Ministério Público e estados da federação. A estimativa foi feita pelas consultorias da Câmara e do Senado.
Aumento no salário dos ministros do STF pode ter impacto de R$ 4 bilhões
Ela também afirmou se preocupar com o efeito cascata que a decisão vai impor sobre os estados endividados, que há quase dois anos já têm dificuldades para pagar salários e aposentadorias e manter hospitais e postos de saúde abertos.
Brasil viola direitos humanos
Questionada sobre a redução da maioridade penal e se o Brasil é um violador de direitos humanos, a presidente do Supremo afirmou que sim, principalmente os direitos fundamentais à educação e saúde. Ela disse ainda que a sociedade brasileira é preconceituosa com pessoas que passaram pelo sistema penitenciário.
Cármen Lúcia visitaria um instituto de meninos em conflito com a lei logo após a entrevista, e disse que o Estado se torna o autor de crimes contra menores, e não apenas cúmplice, ao não oferecer saúde e educação. “O Estado que coloca uma criança em situação inconstitucional, não dando a sua família oferta mínima de saúde e educação, deixa a criança em vulnerabilidade perante o tráfico que passa a usá-la como aviãozinho. Se, além de tudo, depois pune, colocando o menor em situação inadequada e perversa, então esse Estado é violador dos direitos humanos. A sociedade assim nunca vai parar de construir penitenciárias e elas nunca serão em número suficiente para todos os infratores. Educação é um direito previsto na Constituição”, afirmou.
Violência contra a mulher
A presidente do Supremo entende que o Judiciário caminhou bem na conscientização sobre a violência contra a mulher. O tema era uma de suas prioridades ao assumir a presidência da Corte, em setembro de 2016.
Para ela, apesar de haver a sensação de que a violência contra a mulher não diminuiu, as mulheres não estão mais silenciando diante de agressões. “É patente o nível de intolerância, contra a mulher também. O que era um preconceito incubado se revela mais quando a mulher comparece, trabalha, disputa e concorre em espaço. A violência aumenta e o nível de notificações também”.
Çério ministra ? Tu acha isso mesmo ?
Já que a Sra. Ministra substitui o Presidente de tempos em tempos que tal decretar uma lei proibindo que servidores de alto escalão reajustem seus próprios salários. Pode ser que resulte nulo, mas ao menos serviria para demonstrar um mínimo de seriedade para dar uma esperança aos já moribundos cidadãos.
A estrutura ou forma da política de Cargos e Salários nos Três Poderes e nas três esferas de governo é uma verdadeira baderna, impensável isso na iniciativa privada. Ora é elementar que de acordo com a função de cada funcionário público é estipulado o salário do mesmo, e como temos o índice do Salário Mínimo aprovado pelo Poder Público, é natural que seja o mesmo índice para todos os trabalhadores da nação. Só e simples assim!.