O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), aceitou o pedido de reunião enviado pelos titulares da CPI dos Atos Antidemocráticos da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF). O encontro deve ocorrer na manhã de quarta-feira (29), no gabinete do ministro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A Mesa Diretora do colegiado pretende fornecer informações para o Inquérito das Fake News.

O escopo da CPI é o mesmo de diversos inquéritos que tramitam no STF sob relatoria de Moraes. Nos dois poderes, há o empenho em identificar os financiadores e fomentadores dos atos golpistas de 8 de janeiro, bem como os ataques ao centro de Brasília na noite de 12 de dezembro. O objetivo em comum levou o colegiado a solicitar o encontro, “com o propósito de tratar de assuntos de interesses diretamente relacionados ao objeto desta CPI, bem como, no que for possível, colaborar com a investigação”.

Com cerca de um mês de atividade, a CPI já alcançou informações relevantes para a justiça ao tratar dos atos golpistas. Os depoentes expuseram que grande parte dos vândalos de 8 de janeiro já foram à manifestação preparados para empregar violência, bem como que os envolvidos no dia 12 de dezembro estavam hospedados nos hotéis da capital, onde conseguiram refúgio antes que a polícia conseguisse agir contra eles.

O colegiado também deu luz ao grau de participação do Exército em meio aos ataques, com depoentes ressaltando a intervenção direta de militares na operação policial organizada para prender os vândalos. Apesar de comumente julgados na justiça militar, os inquéritos referentes a militares supostamente envolvidos nos atos golpistas também estão sob responsabilidade do STF, por decisão de Moraes.

Do outro lado, há um interesse da CPI que requer interlocução com Moraes para que possa ser atendido: conseguir o depoimento do ex-secretário de Segurança Pública do DF, Anderson Torres, atualmente preso sob guarda da Polícia Federal. Apesar dos esforços do colegiado em ouvir o ex-secretário, a defesa jurídica de Torres conseguiu desviar dos esforços de convocação em todas as tentativas dos distritais. As investigações envolvendo seu nome também passam pelo crivo do ministro.