Abraham Weintraub não é mais o ministro da Educação. O comunicado foi feito na tarde desta quinta-feira (18) pelo agora ex-ministro e pelo presidente Jair Bolsonaro em um pronunciamento em vídeo. Weintraub assumiu o cargo em abril de 2019 após a demissão de Ricardo Vélez Rodríguez.
Weintraub disse que vai assumir um posto de diretoria no Banco Mundial.“Sim, dessa vez é verdade, estou saindo do MEC e vou começar a transição agora e nos próximos dias eu passo o bastão para o ministro que ficar no meu lugar, interino ou definitivo”, disse.
Carlos Nadalim, atual secretário de alfabetização da pasta, deve assumir interinamente o ministério. Nadalim trabalha no MEC desde a gestão de Ricardo Vélez, antecessor de Weintraub no posto. Assim como Vélez e Weintraub, o secretário é da ala ideológica do governo influenciada pelas ideias do escritor Olavo de Carvalho.
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O estopim da saída teria sido a participação de Weintraub em ato contra o Supremo Tribunal Federal no domingo (14). “Já falei a minha opinião, o que faria com esses vagabundos”, disse. Ele é alvo de investigação do Supremo por ter defendido, em reunião ministerial de 22 de abril, que os ministros da mais importante corte do país fossem presos.
A troca de comando no MEC é vista como possibilidade desde o final de 2019. Ele é alvo de insatisfação no Congresso, no STF e na ala militar do governo. Ele já protagonizou atritos envolvendo o Enem, o Fundeb, método de escolha de reitores e resistiu a negociação de cargos no governo.
A pressão pela saída do cargo foi crescendo ao longo da gestão e sendo encorpada por diversos setores. A primeira grande reação ao nome do ex-ministro começou no ano passado, quando ele determinou o contingenciamento de recursos destinados a universidades públicas.
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As cobranças reverberaram no Poder Legislativo e deputados e senadores também passaram a pedir a substituição do ministro. No Congresso, o pleito não era exclusividade da oposição; o próprio presidente Rodrigo Maia (DEM) criticou Weintraub por diversas vezes e chegou a pedir a saída do ministro, a quem chamou de desqualificado.
Nas últimas semanas, a crise se intensificou depois que a postura do ministro gerou reações contrárias em dois segmentos importantes para o presidente Jair Bolsonaro: os deputados do Centrão e o Poder Judiciário.
O impasse com o Centrão, grupo em que o presidente aposta as fichas para conseguir estruturar uma base legistativa, se deu porque Weintraub resistiu à nomeação de um indicado do bloco informal para o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). Com isso, o ex-ministro tinha atritos com o presidente da Câmara, a oposição e o centro.
O embate com o judiciário teve o ponto mais crítico quando foi divulgado o vídeo da reunião ministerial do dia 22 de abril. Na gravação, Weintraub aparece defendendo a prisão dos ministros do Supremo Tribunal Federal. A reação da Corte foi forte e imediata: além do repúdio dos ministros, Weintraub foi convocado por Alexandre de Moraes a prestar depoimento à Polícia Federal sobre as declarações contra o Supremo.
Isolado, Weintraub encontrou guarida na ala mais extrema do Bolsonarismo. No último fim de semana, participou de atos em defesa do governo e voltou a se referir aos ministros do STF como vagabundos. Sem apoio nem mesmo de aliados do governo, Weintraub foi multado pelo governo do Distrito Federal por ter ido sem máscara ao protesto.