Investigado pela Polícia Federal por conta da atuação da instituição no dia do segundo turno das eleições, o diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Silvinei Vasques foi exonerado do cargo. A dispensa do cargo saiu no Diário Oficial da União (DOU) desta terça-feira (20).
No dia 30 de outubro, a PRF realizou centenas de ações de fiscalização do transporte público, especialmente na região Nordeste. Nas redes sociais, os usuários compartilharam vídeo das ações da PRF formando barricadas para dificultar o deslocamento de ônibus e de motocicletas que transportavam os eleitores. Relatos sobre essas ações partiram inclusive de políticos locais, como prefeitos e vereadores.
O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes, determinou que Vasques fosse oficiado “com urgência” para “informar imediatamente sobre as razões pelas quais [estão sendo] realizadas operações policiais”.
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Em publicação feita no Instagram, Vasques chegou a pedir voto para o presidente Jair Bolsonaro (PL). “Vote 22. Bolsonaro presidente”, dizia o post, que foi apagado, mas apenas depois de vários usuários o terem salvo. A ação tornou Vasques como réu por improbidade administrativa ao pedir votos indevidamente.
Após a vitória do presidente eleito Lula (PL), apoiadores de Bolsonaro realizaram bloqueios em estradas no país em protesto com o resultado do pleito eleitoral. O STF determinou que a PRF desobstruísse os bloqueios, prevendo a prisão de Vasques e multa de R$ 100 mil no caso de descumprimento da decisão.
Apesar da decisão, servidores da instituição apontaram que a corporação não parecia interessada em resolver a situação. Também houve críticas para a ação política dentro da PRF.
PublicidadeMudança na Polícia Federal
O DOU desta terça também trouxe uma mudança no comando da Polícia Federal (PF). O diretor da instituição, Márcio Nunes de Oliveira, foi nomeado para exercer a função de Adido Policial Federal na Embaixada do Brasil em Madri, Espanha. A nomeação assinada por Bolsonaro é feita a cerca de dez dias do fim do mandato do presidente e vale por três anos. Nunes de Oliveira foi nomeado em fevereiro deste ano, sendo o quatro diretor-geral da instituição durante a gestão Bolsonaro.
Futuro ministro da Justiça, Flávio Dino anunciou que deseja ter o delegado federal Andrei Augusto Passos Rodrigues como novo diretor-geral da Polícia Federal. O delegado foi o responsável por coordenar a equipe de segurança do presidente eleito Lula durante a campanha e deverá ocupar a posição até a posse. Rodrigues também atuou na segurança da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e assumiu a Secretaria Extraordinária de Segurança para Grandes Eventos (Sesge), durante a Copa do Mundo de 2014 e as Olímpiadas do Rio em 2016.
Outro ex-diretor-geral da PF já havia sido nomeado como adido no exterior no ano passado. Em maio de 2021, Rolando Alexandre de Souza foi nomeado como adido da PF na embaixada do Brasil nos Estados Unidos, em Washington. Rolando assumiu o cargo após Marcelo Valeixo, que motivou a saída de Sergio Moro do governo, afirmando que Bolsonaro queria trocar a superintendência da Polícia Federal. Durante uma reunião ministerial, o presidente afirmou que não iria esperar toda a família e amigos serem prejudicados para trocar “alguém da segurança da ponta de linha”. Assim que assumiu o cargo, Rolando trocou a superintendência do Rio de Janeiro.