Após a pressão do Supremo Tribunal Federal (STF) para que os bloqueios das estradas fossem desfeitos, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) aumentou o cerco aos manifestantes golpistas e começou a atuar para liberar as rodovias do país. No entanto, servidores afirmam que a corporação não parece interessada em resolver a situação.
“Não estou vendo uma mobilização efetiva para solucionar de fato a crise”, afirma um servidor da PRF que prefere não se identificar com medo de sofrer represálias. “Muitos policiais estão envergonhados com a situação”, completa.
Após a decisão do ministro do STF Alexandre de Moraes, referendada pela maioria da Corte, o diretor-geral da PRF, Silvinei Vasques, despachou um ofício-circular suspendendo as atividades administrativas e folgas dos policiais rodoviários federais.
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“Tendo em vista a necessidade de aplicação do máximo efetivo policial para a garantia da livre circulação nas rodovias federais, sob responsabilidade da Polícia Rodoviária Federal, determino que sejam suspensas atividades especiais (administravas) não essenciais bem como as folgas para compensação de horas de todos os policiais rodoviários federais. Todos os policiais disponíveis devem ser empregados para a garantia dos direitos de ir e vir da população brasileira”, destaca o despacho do diretor-geral.
O servidor classificou o ofício como “genérico”. “Não tem qualquer outra orientação de como proceder, não detalha quais seriam as atividades essenciais. Do jeito que foi enviado, esse ofício-circular parece que tem como objetivo apenas atender a determinação do Supremo para evitar uma responsabilização, mas que não vai surtir nenhum efeito prático”, destacou.
O servidor aponta que a PRF não mobilizou o efetivo necessário para que os agentes possam desfazer os bloqueios com segurança. “Em várias ações é possível ver apenas dois policiais gerenciando grandes manifestações. Nessas situações não há o que fazer a não ser tentar conquistar algum tipo de empatia dos manifestantes para preservar a própria segurança e contar que a administração traga algum tipo de reforço especializado”, conclui.
O Congresso em Foco procurou a assessoria de comunicação da PRF nesta manhã, mas não houve retorno até o momento. Este texto será atualizado caso a instituição se manifeste.
De acordo com informações da PRF divulgadas na manhã desta terça-feira (1º), já foram desfeitas 246 manifestações em rodovias federais no Brasil. A corporação divulgou que existe 229 ocorrências no país, com Santa Catarina tendo o maior número de bloqueios (38).
🚧Ocorrências em rodovias federais no Brasil.
🛣️Total de manifestações desfeitas: 246 pic.twitter.com/EFVFLwgXCT
— PRF Brasil (@PRFBrasil) November 1, 2022
As mobilizações começaram no último domingo após a vitória do presidente eleito Lula (PT) sobre o presidente Jair Bolsonaro (PL). Na eleição mais disputada da história do país desde a redemocratização, o petista derrotou Bolsonaro por um placar apertado, uma diferença de aproximadamente 2 milhões de votos. Lula teve 50,90% dos votos válidos contra 49,10% de Bolsonaro. O petista teve 60.345.999 votos e o presidente derrotado 58.206.354.
Sindicato destaca papel institucional da PRF
O Sindicato dos Policiais Rodoviários Federais no Distrito Federal (Sinprf-DF) divulgou uma nota onde reafirma o compromisso na defesa dos direitos dos cidadãos e repudia qualquer ação ou omissão que “inviabilize ou prejudique o cumprimento de sua missão constitucional, de preservação da ordem pública, da incolumidade das pessoas e do patrimônio público ou privado, por meio do policiamento ostensivo nas Rodovias Federais e nas áreas de interesse da União.”
“Reforçamos que é dever da Administração providenciar todos os meios adequados e suficientes para a desobstrução das rodovias com segurança, incluindo pessoal especializado para negociação, equipamentos e tecnologias apropriadas para o enfrentamento de crises dessa natureza”, destaca o sindicato.
Confira a íntegra:
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