Um levantamento da Folha de S. Paulo sobre o relatório utilizado pela campanha de Jair Bolsonaro (PL) para acusar emissoras de rádio nos estados do Nordeste de favorecer as inserções de Lula (PT) no horário eleitoral localizou uma empresa do pai do próprio ministro das Comunicações, Fábio Faria. Uma das rádios apontadas é a Agreste FM, pertencente ao deputado eleito Robinson Faria (PL-RN), pai do responsável pela entrega do relatório.
Robinson é aliado de Bolsonaro no Rio Grande do Norte. Segundo o relatório apresentado pelo ministro, a emissora teria veiculado duas inserções da campanha do presidente entre os dias 7 e 11 de outubro, contra outras cinco de Lula. Quando contactado pela Folha, Fábio Faria afirmou que isso comprova a isenção do relatório, e afirmou que a empresa de seu pai é operada por Cid Arruda, do PSB. O responsável pela gestão de anúncios, porém, não é Cid Arruda e sim José Carlos Araújo, diretor da rádio.
A citação de uma empresa que tem como sócio um aliado direto de Bolsonaro não é a única contradição no relatório. Conforme apontou o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ministro Alexandre de Moraes, cujos detalhes da decisão estão disponíveis aqui, o levantamento foi feito por uma empresa que não possui especialização em auditoria de rádio. O material foi elaborado a partir da observação da transmissão de streaming, na qual não há obrigatoriedade de exibição do horário eleitoral. Além disso, não são apresentadas provas consistentes da suposta fraude.
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Em resposta, Jair Bolsonaro alegou em coletiva de imprensa que planeja entrar com recurso no Supremo Tribunal Federal contra a decisão de Moraes, e que sua campanha irá “às últimas consequências, dentro das quatro linhas da Constituição, para fazer valer aquilo que as nossas auditorias constataram”. A manobra é vista pela oposição e pelo próprio ministro Alexandre de Moraes como tentativa do presidente de tumultuar o processo eleitoral. O episódio serviu para aliados de Bolsonaro, como seu filho Eduardo (PL-SP) e o senador Lasier Martins (Podemos-RS), pedissem o adiamento da eleição.
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