O Polícia Federal (PF) afirmou em relatório enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF), nesta sexta-feira (8), que há indícios de que o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP-PI), cometeu os crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A investigação apontou que o empresário Joesley Batista, ex-presidente da J&F, pagou propina na ordem de R$ 5 milhões ao PP em troca de apoio para o projeto de reeleição da então presidente Dilma Rousseff (PT), em 2014. Segundo o relatório, o esquema funcionou entre os anos de 2014 e 2017. A investigação foi iniciada em 2018.
O atual ministro da Casa Civil do governo Bolsonaro (PL) também recebeu, de acordo com o relatório, R$ 8 milhões para adiar uma reunião do PP que decidiria se o partido estaria, ou não, na base do governo petista. O pagamento dos valores foi dividido em parcelas de R$ 500 mil, pagos a cada 15 dias. O relatório da PF contou com as delações premiadas de Joesley Batista e Ricardo Saud, que foi diretor de relações institucionais da J&F. O STF deve remeter o relatório da PF ao procurador-geral da República, Augusto Aras, que decidirá se apresenta denúncia, ou arquiva a investigação. Além de ministro, Ciro Nogueira é presidente licenciado do PP.
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A PF ainda viu indícios de crimes de Gustavo Lima, irmão de Ciro Nogueira, Edinho Silva, que foi tesoureiro da campanha do PT, e de Joesley Batista e Ricardo Saud. O relatório da PF diz que os valores repassados não pertenciam à J&F, mas a uma conta que o Partido dos Trabalhadores mantinha junto à empresa. Os recursos teriam sido desviados do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
“O pagamento dessa vantagem foi feito em 17/3/2017, na residência de Joesley Mendonça Batista, na presença de Ricardo Saud (J&F). Na ocasião, foi dito a Ciro Nogueira que o pagamento seria realizado, a partir daquele dia, de forma parcelada, de 15 em 15 dias, sendo que o valor de cada parcela seria R$ 500.000,00”, diz o relatório.
A defesa de Ciro Nogueira disse em nota ao G1 estranhar o relatório da PF pela conclusão ser “totalmente baseada em delações que não são corroboradas com nenhuma prova externa”. “A Defesa tem absoluta confiança que o tempo das delações sem nenhuma fundamentação já está devidamente superado pelas decisões independentes do Ministério Público e do Supremo Tribunal Federal”, afirmaram os advogados.
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