Depois de muita ansiedade, finalmente tivemos acesso ao filme mais esperado da pandemia. Na película, Bolsonaro comanda a reunião de um comitê revolucionário destinado a livrar o Brasil das instituições corrompidas, dos “ratos que infestam Brasília” e dos comunistas. Um verdadeiro messias liderando a “refundação” do país.
No meio da maior crise humanitária e econômica de nossa história, nenhuma palavra sobre o drama. A reunião foi uma tentativa de unificar o governo em torno de alguns “atributos”: Deus, família, liberdade individual e econômica, e nação.
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Alguém se lembra de alguma proposta de campanha do Jair? Foram estes valores que o levaram ao Planalto. Tudo parece muito absurdo, mas pode fazer sentido para o seu eleitorado cativo.
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O discurso radical, indignado e antissistema surfa na onda nascida em 2013 e turbinada pela Lava Jato. O fato de se tratar de uma reunião interna fortalece o atributo da sinceridade. Os ataques ao “bosta” e ao “estrume” buscam fechar a porta pela direita.
Foi nítido como seu público saiu das cordas e retomou a ofensiva nas redes. O vídeo parece ter reunificado os seus 30%.
PublicidadeÉ pouco provável que ele extrapole este percentual. O caminho seria a retomada econômica, uma equação improvável com a permanência de Guedes no governo.
A batata quente vai agora para as mãos do PGR. Se ele decidir prosseguir, o jogo será resolvido no Congresso. O clima de “guerra fria” tende a se manter com provocações de parte a parte. Não parece existir ninguém com força para apertar o botão vermelho do míssil nuclear.
O grande obstáculo a um desfecho diferente continua sendo a ausência de unidade na oposição, que se dividiu até na avaliação do vídeo.
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O PT marchou afirmando que Moro não sabe o que são provas, desmoralizando a narrativa do ex-juiz sobre a reunião. Os companheiros buscam sua suspeição no STF e a anulação das condenações de Lula. Jogaram o jogo Lula 2022.
O resto da esquerda, com uma ou outra exceção, seguiu com a Globo na linha de que a reunião comprovou a denúncia de Moro e os crimes de responsabilidade.
A oposição liberal também se dividiu entre os que viram provas, os que não viram, e os que, sem interesse na queda de Bolsonaro, criticaram o capitão por outros motivos.
A fragmentação favorece o presidente. A ameaça autoritária acabará impondo uma concertação das oposições? Os sinais são preocupantes. Ciro e LuLa já assinaram os termos de uma separação litigiosa.
O impacto da pandemia no eleitorado permanece sendo uma incógnita. Já ultrapassamos 21 mil óbitos e a pesquisa feita por um site de esquerda indica que Bolsonaro lideraria a corrida presidencial hoje com 31% dos votos, distante dos demais candidatos. É pouco?
Uma dica: na história das eleições presidenciais, nunca houve uma virada do primeiro para o segundo turno.
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