Realizada entre 2014 e 2017, a Operação Lava Jato marcou uma das maiores crises de imagem da história do PT. O presidente Lula foi especialmente prejudicado, ficando preso por 580 dias e inelegível durante o pleito de 2018, que resultou na vitória eleitoral de Jair Bolsonaro. O dano provocado ao seu espaço na política o levou a tecer críticas constantes aos envolvidos na operação. Apesar disso, em entrevista à CNN, Lula afirmou que não poderá permitir que uma eventual mágoa influencie nas decisões tomadas ao longo do seu governo.
Muitas das decisões judiciais proferidas pelo juiz e agora senador Sergio Moro (União-PR) no escopo da operação receberam o aval de instâncias superiores do Judiciário. Na entrevista, Lula afirmou que esses juízes, incluindo ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), não foram cúmplices, mas sim vítimas da suposta vontade política dos envolvidos na operação.
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“Um cidadão, e uma tal de força-tarefa, conseguiram durante anos enganar a imprensa, enganar o poder Judiciário, enganar a sociedade brasileira. Foi a maior mentira contada. (…) Todo mundo foi pego na mentira, todo mundo começou a divulgar como verdade”, afirmou sobre o processo que resultou em sua prisão. Ele diz se lembrar da postura de cada ministro do Supremo, mas que não pode “voltar a governar um país magoado com aquilo que me foi feito, que me prejudicou”.
Lula considera que não caberá a ele ditar as consequências sobre os envolvidos em sua prisão. “Os caras que não votaram em mim, os que me condenaram, quem não me deixou ser candidato, não tem problema. A justiça divina o julgará. (…) Eu estou tranquilo, não vou ficar com ressentimento”, declarou. Ele também se comprometeu a não permitir com que o saldo da Lava Jato influencie em sua indicação pelo próximo ministro do STF após a saída de Rosa Weber, que deverá se aposentar em maio.
O presidente considera que, de sua parte, já foi realizado o que precisava para lidar com Sergio Moro e com os demais responsáveis pela operação. “Eu consegui na política, não foi no processo criminal, que se tem alguém culpado, foi quem me condenou”, relatou. Lula foi solto em 2019 após os vazamentos das conversas via Telegram entre Moro e o procurador da Lava-Jato, agora deputado Deltan Dallagnol (Podemos-PR), conspirando em conjunto para garantir a condenação do petista. O conteúdo das mensagens levou o STF a concluir que Moro foi parcial em seu julgamento, e a condenação contra Lula foi anulada.
Desde então, Moro e Dallagnol empenharam-se em campanhas políticas. O primeiro foi ministro da Justiça no governo Bolsonaro, e nas eleições de 2022 foi eleito senador. Dallagnol se juntou na campanha, alcançando o cargo de deputado. Os dois se elegeram com a proposta de representar o legado da Lava-Jato no Congresso Nacional. Sobre a entrada dos dois no legislativo, Lula apenas conta esperar “ver como eles vão se sair na política”.
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