O vice-presidente Hamilton Mourão se queixou novamente de ter sido excluído de reuniões governamentais pelo presidente Jair Bolsonaro. “Eu não entendo por que ele me exclui dessas reuniões, e lamento, porque deixo de tomar conhecimento de assuntos que o governo está debatendo”, disse em entrevista à jornalista Malu Gaspar, do O Globo.
“Eu já deixei muito claro ao presidente que ele tem a minha lealdade. Eu jamais vou maquinar contra ele, como já aconteceu no passado recente no nosso país. Ele sabe disso muito bem. Por outro lado, ele sabe que a minha visão de mundo em muitos assuntos é totalmente distinta da dele, assim como o meu modo de agir”, acrescentou Mourão.
O vice-presidente também alegou que, como não tem conhecimento sobre os assuntos discutidos pelo governo, caso precise substituir Bolsonaro, não tomaria “decisão nenhuma”. Disse também que não sabe se será o vice de Bolsonaro em sua próxima candidatura, mas que se não for, não seria “nada demais”. “Até o momento, ele jamais falou pra mim de forma direta, ou seja, naquele papo reto, que não serei o companheiro de chapa dele.”
Em outro momento da conversa, Mourão afirmou que não vê risco de policiais militares se levantarem contra governadores ao redor do país e que o general da ativa Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde, perdeu o seu lugar dentro do Exército e provavelmente irá para a reserva quando a CPI da Covid no Senado tiver concluído suas investigações. Hoje, Pazuello ocupa um cargo comissionado no Palácio do Planalto.
Passaporte da imunidade
À Malu Gaspar, o vice-presidente também disse não acreditar que o chamado “passaporte da imunidade” funcionaria no Brasil. Em 10 de junho, o Senado aprovou um projeto que prevê a criação de um certificado sanitário que permitiria a entrada de pessoas vacinas ou que testaram negativo para a covid-19 em espaços públicos e privados. O texto ainda precisa ser analisado pela Câmara, mas Bolsonaro já disse que vetará o PL.
“Cada um terá de andar com um cartãozinho na carteira dizendo que foi vacinado. O cara na entrada do restaurante vai me cobrar isso? E no parque? Esse troço não vai funcionar”, disse Mourão. “Isso aqui é Brasil, pelo amor de Deus! Vai ter falsificação do passaporte, venda no camelô. Você vai à Central do Brasil, aí no Rio, e vai comprar o passaporte para você”.
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