De um lado, dois ministros do mesmo governo; do outro, dois deputados do mesmo partido e estado. Entre eles, uma rede social que limita cada mensagem a 280 caracteres. Espaço suficiente para uma declaração de guerra virtual, como a que envolveu nesta semana os ministros Sergio Moro (Segurança e Justiça) e general Heleno Augusto (Gabinete de Segurança Institucional) e os deputados Glauber Braga e Marcelo Freixo, ambos do Psol do Rio de Janeiro. O assunto esquentou a rede, despertando apoiadores dois lados, por meio de milhares de curtidas, retuítes e comentários.
Glauber e Moro levaram para o Twitter a discussão iniciada na Câmara, na última quarta-feira (12), durante audiência do ministro da Justiça na comissão especial que analisa a prisão em segunda instância. A reunião foi encerrada em meio a confusão, tal como ocorreu em setembro, em outro encontro na Casa, quando Glauber fez uma analogia com o futebol para se referir a Moro como “juiz ladrão”.
Nessa quarta, o deputado chamou o ministro de “capanga de miliciano”, acusando-o de usar a Polícia Federal em favor da família do presidente Jair Bolsonaro. Diferentemente da vez anterior, o ex-juiz da Lava Jato respondeu, dizendo que o detrator não tinha qualificação para o cargo.
Em um gesto que mostra o quanto está cada vez mais à vontade na política, Moro foi ao Twitter para lamentar o episódio e cutucar o Psol e uma de suas principais lideranças, o deputado Marcelo Freixo (RJ). Também agradeceu ao ministro do GSI por sua solidariedade, prestada na rede com elogio ao chefe do Ministério da Justiça e críticas a Glauber: Veja a sequência da batalha no Twitter:
Sou do tempo em que chamavam-se as pessoas de senhor e senhora e os erros dos outros de equívocos.Usava-se muito por favor ou por gentileza nas frases.Alguns infelizmente, ainda bem que de deputados a absoluta minoria,perderam muito da urbanidade.Grato pela solidariedade Ministro https://t.co/Ol7F1vVgYC
— Sergio Moro (@SF_Moro) February 12, 2020
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Não gosto deste jogopolitico.Mas verdades precisam ser ditas. No projeto de lei anticrime,propusemos que milícias fossem qualificadas expressamente como organizações criminosas.Propusemos várias outras medidas contra crime organizado.O PSOL,de Freixo/Glauber,foi contra todas elas
— Sergio Moro (@SF_Moro) February 13, 2020
Marcelo Freixo abriu uma sequência de tuítes para explicar por que o Psol votou contra a proposta de Moro para incluir as milícias entre as organizações criminosas. Segundo ele, o projeto do ministro reduzia a pena prevista para esse tipo de crime. Clique no tuíte para ler a sequência das explicações do deputado:
O ministro @SF_Moro diz que não gosta do jogo político, mas todos já sabemos como gosta de mentir e servir à família Bolsonaro. Quer entender como o ministro tentou aliviar a vida das milícias no pacote “anticrime” e como nós corrigimos esse e muitos outros erros? Segue o fio! 👇
— Marcelo Freixo (@MarceloFreixo) February 13, 2020
Depois de virar alvo de ataques de apoiadores do ex-juiz da Lava Jato, Glauber partiu para o contra-ataque, como mostra a mensagem a seguir.
Olá gente. Robôs e milicianos virtuais de Moro, capanga da família bolsonaro, entraram aqui pra nos intimidar. Não conseguirão. Podem vir quentes que eu estou fervendo!!! #MoroCapangaDaMilicia
— Glauber Braga (@Glauber_Braga) February 12, 2020
Em entrevista publicada neste sábado (15) pelo Congresso em Foco, Glauber desafiou o ministro da Justiça a abrir seu sigilo telefônico para comprovar que não teve contato com o delegado que arquivou o inquérito que investigava a suspeita de que o senador Flávio Bolsonaro (sem partido-RJ) tinha feito transações imobiliárias suspeitas, incompatíveis com sua renda. Procurado pela reportagem, o ministro não se manifestou.
> Glauber é denunciado no Conselho de Ética por ofensas a Moro