O Ministério da Saúde divulgou nesta quinta-feira (21) assinaturas ao documento que autorizou o novo protocolo para uso da cloroquina. Divulgado ontem (20), o documento traz novas orientações e estende o uso da substância para todos os pacientes com covid-19, inclusive em casos leves. Publicado em um momento em que a pasta é comandada por um interino, o protocolo não apresentava os responsáveis pela recomendação.
Segundo o ministério, o tema vinha sendo discutido pelo corpo técnico da pasta. “Para deixar clara a participação e o envolvimento de todas as secretarias, os titulares das pastas assinaram o documento ainda na quarta-feira (20)”, informou o ministério em nota.
Assinam o novo protocolo sete secretários, alguns deles substitutos, mas não há assinatura do ministro interino da Saúde, general Eduardo Pazuello.
> Sem pagamento, residentes fazem manifestação em frente ao Ministério da Saúde
As novas recomendações permitem o uso de cloroquina ou hidróxido de cloroquina já nos primeiros dias após a manifestação de sintomas. As normas anteriores liberavam a droga apenas para os casos mais graves da doença.
A administração precoce de cloroquina, que leva a um uso amplo do medicamento, é contestada por entidades médicas por não haver estudos que comprovem sua eficácia e ainda existir o risco de reações adversas, como problemas cardíacos.
Questionada sobre as novas orientações do governo brasileiro, a Organização Mundial da Saúde (OMS) reforçou que a cloroquina pode causar efeitos colaterais e afirmou que ela não tem eficácia comprovada no tratamento da covid-19
Imposto pelo presidente Jair Bolsonaro, mesmo sem evidências científicas, o uso precoce de cloroquina levou à saída de Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich do comando da pasta. Ambos não aceitaram assinar as novas orientações. Ontem, o presidente celebrou as novas orientações e afirmou que estamos em Guerra: “Pior do que ser derrotado é a vergonha de não ter lutado.”
O @minsaude divulga orientações para tratamento da Covid-19, onde a Cloroquina pode ser ministrada em casos leves, com recomendação médica e autorização do próprio paciente/família.
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) May 20, 2020
No início da semana, a Sociedade Brasileira de Imunologia (SBI) emitiu um parecer sobre uso de cloroquina para o tratamento de pacientes com covid-19. O documento ressalta que até o momento não existe terapia comprovadamente efetiva para o tratamento do coronavírus e que esse medicamento em questão, tem efeitos colaterais que podem levar a morte de pacientes.
Assinam o documento a Secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, Mayra Isabel Correia Pinheiro, a Secretária Subtituta de Atenção Especializada à Saúde, Cleusa Rodrigues da Silveira Bernardo, o Secretário Especial de Saúde Indígena, Robson Santos da Silva, a Secretária Substituta de Atenção Primária à Saúde,Daniela de Carvalho Ribeiro, a Secretária Substituta de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde, Vania Cristina Canuto Santos, o Secretário de Vigilância em Saúde, Wanderson Kleber de Oliveira, e o Secretário-Executivo Substituto, Antônio Elcio Franco Filho.
Leia a nota divulgada pela pasta:
NOTA À IMPRENSA
Sobre a assinatura do documento das “orientações para manuseio medicamentoso precoce de pacientes com diagnóstico da COVID-19”, o Ministério da Saúde informa que o tema vinha sendo discutido no âmbito do Ministério da Saúde por seu corpo técnico. Para deixar clara a participação e o envolvimento de todas as secretarias, os titulares das pastas assinaram o documento ainda na quarta-feira (20).
> Maia antecipa pauta da semana da Câmara após pressão de deputados