Em três meses de trabalho, o governo Lula já dá mostras importantes de que será possível colocar nossa política ambiental, novamente, nos trilhos. Nos últimos quatro anos, o ex-presidente Bolsonaro, engenhosamente, destruiu ecossistemas inteiros, gerando o caos na Amazônia e o isolamento do Brasil da comunidade internacional, no que diz respeito aos assuntos relacionados ao meio ambiente e à sustentabilidade.
O presidente Lula reforça, com a indicação de Marina Silva para o Ministério do Meio Ambiente, que o combate ao desmatamento será prioridade absoluta no seu governo. O governo, rapidamente, anunciou três medidas: o compromisso em zerar o desmatamento na Amazônia, até 2030, tolerância zero para garimpeiros em terras indígenas e reassumir, diante das principais lideranças globais, o protagonismo do Brasil na questão do meio ambiente.
A resposta a essa postura firme do governo veio de forma imediata. No primeiro mês de Lula III, os alertas de desmatamento na Amazônia Legal caíram 61%, de acordo com dados do Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe). Em janeiro, os desmatamentos na região foram da ordem de 121 km², a terceira menor marca para o período, até hoje, na série histórica do DETER, que começou em 2015.
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Também, de imediato, vimos a comunidade internacional se mobilizar no sentido de retomar o interesse em investir no Fundo Amazônia, criado em 2008 para financiar projetos de redução do desmatamento e fiscalização de biomas. O fundo estava ‘congelado’, desde abril de 2019, quando, em meio à uma série de polêmicas envolvendo a política ambiental bolsonarista, Alemanha e Noruega, principais doadores, anunciaram a suspensão dos repasses.
Logo após a eleição de Lula, em outubro, os dois países recuaram da decisão; a Noruega já informou, inclusive, que os R$3 bilhões doados ao fundo podem ser aplicados imediatamente. Em visita do presidente brasileiro aos Estados Unidos, Joe Biden anunciou a adesão dos americanos entre os participantes do fundo. O empresário Jeff Bezos, o ator e ativista Leonardo Di Caprio e entidades filantrópicas já conversaram com Marina Silva e fecharam operações emergenciais para recuperação e descontaminação das áreas degradadas pelo garimpo.
Além destes, a ministra das Relações Exteriores da França, Catherine Colonna, que esteve aqui no início de fevereiro, também reconhece a importância global da Amazônia e estuda, assim como a União Europeia, formas de ajudar financeiramente o Brasil por meio do fundo.
A importância de tais notícias é que a queda no desmatamento e a injeção de capital no Fundo Amazônia podem gerar um efeito cascata altamente positivo. É o início do rompimento de um ciclo vicioso de pobreza que atinge a população daquela região, somada com a permissividade do governo anterior, que incentivou pessoas a cometerem crimes e destruírem recursos naturais fundamentais para a sobrevivência do povo indígena, da economia brasileira, das nossas relações comerciais e da vida humana no planeta.
É com alívio, portanto, que vemos a comunidade internacional novamente disposta em contribuir para o desenvolvimento sustentável da região amazônica. Se houve um tempo e um governo que ignorou as questões climáticas no Brasil, isso parece ter ficado num passado recente que o nosso país e o mundo querem esquecer. Afinal, parece óbvio, mas é sempre bom reforçar, que a preservação da Amazônia é vital para a sobrevivência e o futuro da humanidade e do planeta.
* Giovanni Mockus é gestor de políticas públicas e porta-voz (presidente) da Rede Sustentabilidade no Estado de São Paulo.
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