A esfera bolsonarista (e boa parte da comunidade petista) entraram em êxtase após o suposto fracasso da manifestação do dia 12 de setembro, convocada pelo Movimento Brasil Livre (MBL) e aderida por diversos outros movimentos e partidos de esquerda, centro e direita. A pauta do ato era clara e única: defender o impeachment do presidente Jair Bolsonaro.
A manifestação ocorreu logo após o ato golpista de 7 de setembro, promovido pelo próprio presidente, que reivindicava pautas autoritárias, como fechamento do Congresso Nacional, fechamento do Supremo Tribunal Federal (STF) e intervenção militar. Naquele momento, ficou evidente que uma parcela considerável da população estava disposta não apenas a apoiar o golpe de Estado de Jair Bolsonaro, mas também a ir para as ruas defendê-lo.
Presidenciáveis dividem trio elétrico na Paulista
Naturalmente, o Brasil precisava de uma resposta para uma dúvida amarga: seria possível que a maioria (ou grande parte) dos brasileiros defendem a derrocada das instituições e a concentração dos poderes na figura do presidente? Evidente que não. Afinal, as pesquisas de diversos institutos demonstram que a popularidade de Jair Bolsonaro não para de cair, e as chances de sua reeleição em 2022 são cada dia mais improváveis.
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Muitos podem se deparar com essas informações e pensar: “Ufa! Ainda bem que não é a maioria que apoia a queda da democracia. Portanto, estamos seguros”. Mas, infelizmente, não é assim que a defesa do Estado Democrático de Direito funciona. No decorrer da história da humanidade, não faltam exemplos de estruturas democráticas que foram destruídas, a despeito da vontade popular.
Daí a importância das manifestações do dia 12 de setembro: as lideranças dos mais diversos espectros políticos do país se uniram contra os avanços do governo contra as instituições da República. Evidente que a adesão não foi a maior possível, mas toda história precisa de um começo.
Vale lembrar que diversos outros atos promovidos pelo apoiadores do presidente foram consideravelmente menores do que o ato divulgado pelo MBL. Considerando que a manifestação anti-Bolsonaro não usou dinheiro público, não contou com apoio de grandes empresários do agronegócio, não tinha grandes veículos de imprensa a divulgando diariamente e, sobretudo, não prometia uma ruptura institucional que mudaria o Brasil do dia para a noite, torna-se evidente que foi um grande sucesso.
Por mais que a adesão não tenha sido estrondosa, o Fora Bolsonaro tomou, sim, a Avenida Paulista, e mostrou que existe uma coalizão de esquerda, direita e centro dispostas a ir às ruas defender a democracia. A criação de um novo público é fundamental para o seu crescimento.
As primeiras manifestações do MBL contra a então presidente Dilma Rousseff foram menores: juntavam pouco mais de duas mil pessoas. Com o tempo, o movimento foi capaz de catalisar a vontade popular e colocar cada dia mais pessoas nas ruas. As manifestações de 2015-2016 culminaram com o afastamento da petista.
A história pode se repetir: foi o início, não o fim. E se os inimigos da democracia pensam que foram vitoriosos, ótimo. Ainda não entenderam o perfil do público que saiu de casa no domingo; com caráter de militância, os protestos mostraram o potencial catalisador das demandas sociais em relação ao governo. O trabalho está apenas começando e, de certa forma, é uma vantagem que não compreendam a importância da manifestação do dia 12.
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