O líder do governo na Câmara dos Deputados, José Guimarães (PT-CE), declarou o apoio de sua bancada à instauração da CPMI encarregada de investigar os atos golpistas de 8 de janeiro. A decisão foi a resposta do governo em relação ao vazamento de gravações que exibiram o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Gonçalves Dias, interagindo no Palácio do Planalto com invasores durante os ataques.
O entendimento do governo é de que, apesar de considerar satisfatório o ritmo de investigação dos inquéritos que correm no Supremo Tribunal Federal, a possibilidade de envolvimento de membros do GSI nas invasões requer uma abertura maior para a exposição dos fatos ocorridos no dia. “Nós queremos uma apuração ampla, geral e irrestrita, doa em quem doer”, declarou o deputado em coletiva junto com demais lideranças do governo, parafraseando o trecho icônico da Lei da Anistia de 1979.
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O deputado afirma que, uma vez instaurada a CPMI, o governo planeja indicar o quanto antes os nomes indicados para compor o colegiado. “Nós estamos prontos para ajudar, inclusive para investigar. (…) Se Rodrigo Pacheco (PSD-MG) ler o requerimento na quarta-feira (26), e se tiver as assinaturas, nós vamos colaborar, vamos para dentro e vamos querer que a CPMI apure tudo para que a verdade seja cada vez mais explicitada para o país”, garantiu.
O apoio do governo, porém, não se converte em orientação para novas assinaturas. De acordo com Guimarães, não há necessidade para tal orientação tendo em vista que o requerimento de implementação já conta com os signatários necessários, e a criação de CPIs não deve ser prioridade do governo. “Quem governa não pode perder tempo com CPI. CPI é para quem é de oposição”, defendeu. Ainda assim, ele acrescenta que não haverá penalidade para parlamentares que optarem por assinar.
A decisão se deu após o governo se reunir com lideranças do seu círculo próximo de partidos aliados, que também manifestaram preocupação em apurar o conteúdo da gravação, além de garantir a presença na comissão para evitar que a oposição a transforme em palanque. “Atos que acontecem após o que aconteceu no dia 8 devem ser no sentido de consolidar a democracia”, ressaltou.
A atuação do governo dentro da CPI, segundo o deputado, servirá para “parafusar, regular e saber mesmo os verdadeiros culpados”. Minutos depois, na tribuna do plenário, reforçou seu discurso. “Já que querem fazer a CPMI, vamos estar dentro dela, e vamos investigar tudo. Vamos trazer para dentro da investigação todos aqueles que se esconderam nas redes sociais, que patrocinaram e que financiaram os ônibus para saber quem é o responsável pelo atentado contra a democracia brasileira”, exclamou.
Preocupação sobre vazamento
Além da preocupação com relação ao conteúdo da gravação, que rompeu a confiança de membros do governo com o próprio ex-ministro Gonçalves Dias, José Guimarães chama atenção para a necessidade de investigar a origem do vazamento. “Como pode um vídeo desses ser divulgado sem o governo saber? Sem o GSI saber? No mínimo, isso merece uma investigação”.
O conteúdo das gravações estava em guarda da Polícia Federal, mantidas sob sigilo para que fossem analisadas nos inquéritos que correm no Supremo Tribunal Federal (STF) para investigar os atos golpistas. “A Polícia Federal precisa investigar isso. Se o processo estava correndo sob segredo de justiça, por quê divulgaram esse vídeo?”, questionou.
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