Circula no Congresso Nacional que as informações do Coaf que comprometem Flávio Bolsonaro estão sendo vazadas também pela equipe de Sérgio Moro. Segundo essas fontes, o clã erra feio ao apontar o dedo apenas para o Ministério Público do Rio de Janeiro.
Mas qual seria o sentido de Moro, que passou a ser cobrado nas ruas pelo caso Queiroz, promover vazamentos que levam ele próprio à uma situação constrangedora? Não seria atirar no próprio pé?
Retirem os óculos e peguem os binóculos. Vamos reconstituir os fatos.
A “Operação Lava Jato” é sustentada desde o início pelo tripé Curitiba-NSA-Globo. E consolidou um modus operandi. A NSA dava pistas – lembremos que invadiram até os emails de Dilma -, a força-tarefa ia atrás e vazava indícios para a Globo, que fazia o “carnaval”.
Em seguida vinham prisões preventivas e tortura psicológica para extrair uma delação que validasse as teses. Para quem Moro vazou ilegalmente o áudio da conversa entre Dilma e Lula? Quem lhe deu cobertura política quando o ato foi questionado? O tempo e o interesse mútuo – destruir a esquerda – consolidaram a parceria.
Quando foi anunciado que o ex-juiz de Curitiba seria ministro choveram críticas colocando em xeque sua imparcialidade nos processos contra Lula. Quem novamente saiu em seu socorro, com entrevista exclusiva no JN e no Fantástico?
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Moro nunca fez parte do grupo de Bolsonaro. A Globo também não. A entrada no governo serviu aos interesses dos dois. O curitibano vislumbrou a possibilidade de pular etapas para um voo mais alto montado na mula disponível para a travessia. A família Marinho viu em Moro um interlocutor independente e poderoso com o Planalto.
Se Bolsonaro concretizasse as ameaças feitas à emissora durante a campanha, ter um super ministro dotado de uma estrutura própria de informação seria muito útil. A quem Moro deve seu prestígio? Com quem construiu laços sólidos? Com Bolsonaro ou com a Globo?
As pesquisas mais recentes indicam uma questão inusitada. Sérgio Moro possui prestígio popular superior ao do presidente. Aí pode ter entrado um cálculo frio do jogo. Nesse patamar, qualquer presidente, seja capitão ou general, dificilmente não o manterá no posto e romperá o acordo de indicá-lo ao STF.
Continuemos o raciocínio. Moro é muito forte e se depara com um fato objetivo. Bolsonaro resolve abrir fogo nos primeiro dias de governo contra a Globo. O que fazer? Ficar assistindo a sua aliada estratégica ser atacada ou agir mantendo um silêncio enigmático?
A disputa pelo mercado de comunicação pode ter rachado o tripé da Lava Jato. A CIA/NSA é adepta do “America First”. A Globo é um empecilho tupiniquim perto de gigantes como o YouTube, Twitter e Netflix. A cada lance novas alianças são configuradas. É próprio do jogo político.
Ao apostar na aliança com os inimigos da emissora, o presidente eleito pode ter subestimado o poder da família Marinho. A Aliança do Coliseu, coalizão liderada pela Globo com setores antinacionais e antipovo da burocracia estatal, sempre teve um projeto de poder próprio.
Estaria o Capitão sendo a primeira vítima do Estado policial que ele mesmo incentivou? Os setores de inteligência não sabiam dos fatos envolvendo Flávio Bolsonaro antes das eleições? Por que só divulgaram agora? Sabiam que influenciaria a decisão dos eleitores? Interesses da Globo contrariados?
A agenda de Moro se chocará inevitavelmente com a política e com a ala financista do governo. O ministro da Justiça e Segurança Pública parece só possuir dois caminhos. Dominar informações que lhe permitam “controlar” o governo com o apoio do canhão global ou se isolar e ser expelido pelo sistema.
Não é possível afirmar com precisão de onde estão vazando as informações. Presidente fraco é uma especiaria muito apreciada em Brasília. É provável que existam vários “mordomos.”
Mas é bom Jair ficar atento. São fortes os indícios da presença de um “amigo urso” na Esplanada.
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