O ministro da Justiça, Flávio Dino, protagonizou embate com deputados bolsonaristas em reunião na Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara nesta quarta-feira (25), ao prestar esclarecimentos sobre diversos assuntos. A reunião foi presidida pela deputada Bia Kicis (PL-DF), com quem o ministro também discutiu. A parlamentar alegou que, em alguns momentos, Dino quis “fazer a função dela”. As sucessivas interrupções durante a fala do ministro também geraram tensão.
A audiência foi realizada um dia após a oposição protestar contra a ausência do ministro na Comissão de Segurança Pública. Entre os temas abordados, a não divulgação de imagens do ministério em 8 de janeiro e atuação da Polícia Federal. O deputado Sanderson (PL-RS) encaminhou ontem à Procuradoria-Geral da República (PGR) um ofício representando contra ele por crime de responsabilidade, alegando ter sido violado o mecanismo constitucional que atribui ao Congresso o poder de convocação de ministros de Estado.
Além de responder questões sobre esses temas, o ministro da Justiça foi questionado pelo deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) acerca de sua entrada no Complexo da Maré, no Rio de Janeiro, em março deste ano. No entendimento do parlamentar, o episódio demonstra que o ministro não teme o crime organizado, uma vez que ele entrou em uma área dominada por facções supostamente sem segurança.
“Fuzis são encontrados na Barra da Tijuca e ninguém fala que são faccionados porque são ricos. Assumam que não gostam de pobres. Em relação ao Complexo da Maré, já foi esclarecido dezenas de vezes em entrevistas e comissões: é mentira que eu entrei sem segurança”, respondeu Flávio Dino. “Eu ingressei 15 metros no Complexo da Maré com segurança. E não sei por que insistem em mentir sobre isso, porque não gostam de pobre, apenas por isso”.
O também deputado oposicionista Éder Mauro (PL-PA), que inclusive proferiu xingamento durante a reunião, voltou a associar o ministro ao crime organizado. “Eles fazem o que querem e vocês do ministério não fazem porra nenhuma para resolver o problema”, declarou.
Dino respondeu: “As milícias foram incentivadas e protegidas por políticos. Eu nunca homenageei miliciano. Eu não sou amigo de miliciano. Não sou vizinho de miliciano. Não empreguei no meu gabinete filho de miliciano, esposa de miliciano. E, portanto, não tenho nenhuma relação com o crime organizado no Rio de Janeiro”. O ministro fazia alusão à relação da família Bolsonaro com milicianos no Rio.
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