No sábado (13), um pequeno grupo de radicais alinhados ao Bolsonarismo tentou invadir o Congresso Nacional, atirou fogos de artifício no Supremo Tribunal Federal (STF), burlou os bloqueios da Esplanada dos Ministérios e tentou nvadir uma delegacia da Polícia Civil, em Brasília. Essas pessoas fazem parte de um grupo intitulado de 300 do Brasil, que, apesar do nome, costuma reunir entre 20 a 30 pessoas.
Entre eles é comum ver a bandeira do Pravyi Sektor, que em uma tradução livre significa Setor Direito, organização paramilitar da extrema direita ucraniana. Os 300 também chegaram a fazer uma marcha com tochas nas mãos e máscaras brancas, numa estética semelhante as dos supremacistas brancos dos Estados Unidos.
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Apesar da adoção da simbologia de movimentos fascistas e da defesa intransigente do governo, o grupo repudia as duas características e negam a ligação político-partidária com membros do Executivo. Os 300 do Brasil tentam vender a ideia de serem um movimento autônomo, criado e movido pela sociedade civil para defender o governo de Jair Bolsonaro. Membros do grupo, entretanto, transitam com facilidade pelo bolsonarismo e são figuras atuantes na tentativa de criação do partido Aliança pelo Brasil.
Sara Winter
A relação começa pela líder do grupo, Sara Geromini, conhecida como Sara Winter, presa pela Polícia Federal na manhã de segunda-feira (15). A líder dos extremistas, que aderiu ao sobrenome de uma espiã nazista como nome público, no passado já castrou um boneco de Jair Bolsonaro. Ex-feminista, ela foi expulsa do movimento Femen por suspeitas de desvio de dinheiro da organização. Ela aderiu ao bolsonarismo pouco tempo depois de entrar para a igreja evangélica. Sua ligação com ambas ideologias a levou a receber dinheiro do governo, enquanto prestou serviços no Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos.
PublicidadeAlém de ter sido empregada em um Ministério, Sara mantém contato com deputados bolsonaristas, como é o caso de Carla Zambelli (PSL-SP). A própria congressista disse em material enviado para a imprensa na manhã de segunda-feira, que chegou a pedir “há alguns dias à própria Sara que baixassem a temperatura”, demonstrando assim ter certa proximidade com a extremista.
Renan Silva Sena
Assim como Sara, Renan Silva Sena, homem que agrediu as enfermeiras que faziam um ato em homenagem as colegas mortas pela pandemia da covid-19, também recebeu dinheiro, ainda que indiretamente, do governo de Jair Bolsonaro via Ministério chefiado por Damares Alves. Renan prestava serviços através de uma empresa terceirizada, G4F Soluções Corporativas Ltda, cujo contrato com a pasta era de R$ 20 milhões. Segundo relatos da pasta, Renan não comparecia no trabalho e nem atendia as ligações. O ministério o demitiu após as agressões às enfermeiras.
Marcelo Stachin
Sem ligação com o ministério, mas com envolvimento direto com o partido que Jair Bolsonaro tenta criar, o Aliança pelo Brasil, Marcelo Stachin chegou a ter um carro plotado com o símbolo do futuro partido do presidente, junto com a foto de Bolsonaro. Organizador de carreatas para defender o governo, Marcelo foi uma das pessoas responsáveis pela recepção que Abraham Weintraub teve após prestar esclarecimentos na Polícia Federal sobre os ataques que fez ao STF em reunião ministerial. Marcelo era um dos responsáveis pelas coletas de assinaturas para a criação da agremiação partidária bolsonarista.
Cavalieri do Otoni
Muito próximo ao deputado Otoni de Paula (PSC-RJ), aliado de Jair Bolsonaro, Leandro Cavalieri ou Cavalieri do Otoni, também esteve nos atos na Esplanada dos Ministérios. Ele se apresenta como assessor do deputado, mas o parlamentar nega. Cavalieri aparece em vídeos publicados em seu Instagram, ao lado de Carlos Bolsonaro e de Eduardo Bolsonaro, ambos filhos do presidente. Ele afirma que os dois são “grandes amigos” e chaga a falar que os ama.
Acampamento com apoio de deputados
Os extremistas citados nessa matéria fazem parte dos 300 do Brasil. O grupo que defende o “extermínio da esquerda”, tentou invadir o Congresso Nacional e fez os ataques ao STF no último final de semana. Mesmo com treinamentos paramilitares, o grupo já recebeu apoio das deputadas federais Carol de Toni (PSL-SC) e Bia Kicis (PSL-DF), duas ativas defensoras de Bolsonaro na Câmara. Um assessor de Bia Kicis ajudou na organização e na mobilização do movimento.
O senador Flávio Bolsonaro, filho do presidente, também endossou publicamente o acampamento com uma publicação em seu Twitter. Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) chegou a visitar o grupo após a tentativa de invasão do Congresso e saiu em defesa deles.